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20/Jul/2021

Leite: preço de insumos em alto patamar preocupa

O custo do alimento concentrado para rebanhos leiteiros tem apresentado forte elevação internacional. A mistura concentrada (milho mais farelo de soja na relação de 70% e 30%) chegou a US$ 0,34 por Kg em maio, uma elevação de 51,4% em relação à média de 2018-2020. Considerando que milho e soja são commodities, cotados em dólar, a cotação atual da moeda norte-americana no Brasil não alivia o problema. O dólar chegou a ficar abaixo dos R$ 5,00 em junho, abrindo uma janela interessante para compra, mas retornou ao patamar anterior, encarecendo novamente os insumos. Dados do ICPLeite (Índice de Custo de Produção de Leite da Embrapa) apontam que, em junho, a compra e produção de volumosos apresentou uma variação de 7% e a alimentação concentrada, 3,85%. O custo com a alimentação está mais caro nesta entressafra. Há dúvidas sobre quando os preços que integram os custos de produção irão começar a cair.

Uma conjunção de commodities agrícolas em alta com desvalorização do Real não tornam fácil esta resposta. O ICPLeite contabilizou uma alta de 39% nos últimos 12 meses finalizados em junho. O concentrado subiu 68%. Para agravar a situação, a falta de chuva no Centro-Sul do País comprometeu a produção do milho 2ª safra. A alta significativa preocupa o setor e não ver perspectivas de que os custos de produção comecem a cair. Além do atraso no plantio da safra de grãos e das poucas chuvas, mais recentemente, geadas em importantes regiões produtoras de milho 2ª safra afetaram a oferta. A alta nos custos, além de pressionar as margens de lucro do produtor, afetando a produção de leite, encarece os preços dos produtos lácteos, que naturalmente na entressafra apresentam cotações mais elevadas. No mercado atacadista, o leite UHT estava sendo vendido na primeira quinzena de junho a R$ 3,55 por litro. O queijo muçarela chegou a ser cotado a R$ 27,81 por Kg.

Após os preços registrarem alta no atacado, o mercado perdeu força nos últimos dias, mas ainda há uma sustentação em função da entressafra, que termina em agosto/setembro. De todo modo o cenário é de cautela, devido às incertezas sobre a demanda e o aperto nas margens do produtor e indústria. Quanto ao produtor, as margens lucro continuam apertadas, mas houve uma melhoria no último mês. Em junho, o produtor recebeu R$ 2,20 por litro de leite, com registro de altas consecutivas desde abril. Essa tendência de alta é explicada pela menor disponibilidade do produto no mercado atacadista, devido à entressafra, o alto custo de produção e a menor entrada de leite via importações. Em relação a 2020, no entanto, o governo pagava um valor maior de auxílio emergencial nesse mesmo período, devido à pandemia, o que acabou elevando o consumo e aumentando o preço dos produtos, garantindo uma maior margem de lucro para o setor produtivo naquele momento.

O momento atual é mais complexo devido às altas taxas de desemprego, embora o mercado de trabalho siga em recuperação devido ao arrefecimento da pandemia. Mas, há otimismo com o cenário macroeconômico do País. Os investimentos no PIB do primeiro trimestre vieram bons e o consumo das famílias está em recuperação. Apesar do fraco desempenho no mercado de trabalho, os indicadores de rendimento tendem a ser melhores neste segundo semestre, causando um impacto positivo no setor. O comercio, de modo geral, apresentou uma melhora, com o consumo domiciliar voltando aos níveis pré-pandemia. Ainda há um consumo reprimido muito grande, que o comércio vem absorvendo aos poucos. A volta do movimento nos restaurantes poderá contribuir para a elevação do consumo de lácteos. Fonte: Embrapa Gado de Leite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.