15/Jul/2021
Neste início de segundo semestre, as atenções de agentes do setor pecuário nacional se voltam para a produção de boi gordo em confinamento. Assim como no ano passado, as preocupações de pecuaristas estão relacionadas especialmente aos elevados custos do boi magro e da alimentação. Assim, enquanto alguns pecuaristas decidem se enviam um maior volume de bois para confinamento, outros ainda avaliam se vão engordar os bovinos por esse sistema. Cálculos mostram que, de fato, as margens de produtores em 2021 estão mais apertadas em relação às do ano passado, mas ainda seguem positivas. Quando analisado o confinamento de bovinos no Brasil, o maior custo recai sobre os preços do bovino de reposição. Os gastos com a reposição no País podem corresponder de 60% a 75% dos custos totais, dependendo da região e do tipo de bovino adquirido.
Na parcial de julho, o boi magro é negociado no interior de São Paulo (Presidente Prudente) a R$ 4.234,94 por cabeça, em média. Esse valor é 4,68% superior ao de janeiro/2021 e está 7,58% acima do de julho do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de junho/2021). Apesar de essa alta não ser tão intensa, ela foi verificada sobre um patamar de preço que já estava elevado. No ano passado, o bovino de reposição registrou valorização de 13,94% de janeiro a julho. Os elevados patamares de preços desses bovinos se devem à baixa oferta e à demanda aquecida. No campo, a disponibilidade limitada é resultado da maior retenção de fêmeas entre 2018 e 2020. Do lado da demanda, o desempenho recorde das exportações brasileiras de carne manteve firme a procura de frigoríficos por novos lotes de bois para abate.
Quanto à alimentação, chega a representar de 20 a 35% dos custos de confinamento no Brasil. E o milho, por sua vez, é o principal item da alimentação. O cereal registra média de R$ 94,60 por saca de 60 Kg na parcial de julho, 1,83% acima da observada em janeiro deste ano e 46,33% superior à de julho/2020, em termos reais. De janeiro a junho do ano passado, houve queda real de 10,16% na cotação do milho. Aqui ressalta-se que, nas primeiras semanas de junho, os preços do milho caíram com certa força no mercado brasileiro, influenciados especialmente pela proximidade da colheita da 2ª safra de 2021 e pela desvalorização do dólar frente ao Real. Já no final do mês passado, os valores retomaram o movimento de alta, mesmo diante do avanço da colheita. Essa reação ocorreu após geadas terem sido observadas em algumas praças, o que deixou os produtores em alerta e afastados do mercado spot.
Agora em julho, o ritmo de alta segue firme, com o cereal voltando a ser negociado próximo de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. Do lado da receita, o pecuarista que colocar o boi gordo no confinamento neste mês de julho pode ter como base os preços negociados na B3 para o contrato Outubro/2021, que opera atualmente na casa dos R$ 320,00 por arroba. Na terça-feira (13/07), esse vencimento fechou a R$ 327,50 por arroba. Diante disso, um pecuarista que adquirir um boi magro agora em julho, que, por sua vez, entrará no confinamento ainda neste mês, para permanecer neste sistema por, em média, 95 dias, consumindo milho comprado também em julho e que será abatido em outubro, pode ter rentabilidade de até 4,17% ao mês (chegando a 13,99% em 95 dias). Destaca-se que, para esta simulação, foi considerado peso de ganho diário de 1,7 Kg e o rendimento de carcaça de 55%.
Como comparação, quando realizada essa mesma simulação no mesmo período do ano passado, a rentabilidade foi calculada em até 7,59% ao mês e em 25,66% para 95 dias. Em 2020, ressalta-se que, apesar do custo bastante elevado, houve incremento muito forte na receita, garantindo uma boa margem. Em 2021, se o pecuarista fizer uma boa gestão, deve obter lucro com o confinamento. É importante mencionar, também, que as estratégias de investimentos de cada produtor devem ser pautadas no que aconteceu no passado, e, principalmente na capacidade de cada um de fazer sua atividade. Os números estão na mesa e devem ser trabalhados para que a estratégia traga resultados positivos e não surpresas para o pecuarista. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.