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14/Jul/2021

Seca e geadas deverão elevar preços das proteínas

O preço alto da carne bovina fez os consumidores procurarem opções em ovos, carne suína e de frango. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), até mesmo esses produtos podem ficar até 50% mais caros este ano. Isso ocorrerá devido ao aumento dos custos de produção nos últimos 12 meses. O ICP (índice de Custo de Produção) de junho da Embrapa Suínos e Aves aumentou 52,3% para frangos e 47,53% para suínos. A alta é consequência do aumento dos preços do farelo de soja e milho, principais componentes da nutrição de suínos e frangos. Os custos com nutrição correspondem a 75% no ICP de frangos e a 80,8% no de suínos. Além disso, os preços do milho semiduro no atacado tiveram variação entre 61% (Recife-PE) e 98,7% (Sorriso-MT), na comparação entre o primeiro semestre deste ano com o de 2020. Para o farelo de soja, a menor variação no mesmo período foi em Passo Fundo (RS), de 61,4%, e a maior em Barreiras (BA), com preço de R$ 2.610,46 por tonelada e alta de 82%.

As empresas irão repassar, de forma integral, esse aumento nos custos de produção parara o preço de frangos e suínos. Esse repasse já ocorre este mês, de forma gradual, nas respectivas localidades. O preço para o consumidor final vai variar conforme os praticados pelas granjas, frigoríficos e mercados em geral. Os repasses de custos também serão feitos para a exportação. À medida que os estoques de milho e farelo de soja, comprados por um preço menor ano passado, acabarem, os criadores de frangos e suínos, granjas e empresas, terão de adquirir os grãos no preço atual, bem mais caro, e aí farão o repasse dos custos. Em Bastos (SP), no dia 2 de julho, os ovos brancos estavam cotados R$ 116,40 por caixa de 30 dúzias e os ovos vermelhos, a R$ 128,37 por caixa de 30 dúzias. No dia 9 de julho, o frango resfriado negociado no atacado de São Paulo custava R$ 7,46 por Kg. Também no dia 9 de julho, o suíno vivo esteve cotado a R$ 6,43 por Kg em São Paulo e a carcaça a R$ 9,24 por Kg.

No Paraná, o suíno vivo estava cotado a R$ 5,55 por Kg. A estimativa é que os preços desses produtos aumentem em 50%. A ração tende a ficar ainda mais cara, por conta da redução da produção do milho 2ª safra de 2021. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a seca e a geada devem causar perdas de quase 3 milhões de toneladas, segundo a Associação dos Produtores de Soja e milho (Aprosoja-MS). A previsão inicial era de colher 8,2 milhões de toneladas. A geada em Mato Grosso do Sul ocorreu entre os dias 27 de junho e 1º de julho. O Estado possui em boas condições apenas 1% de suas lavouras, 38% em estado regular e 61% em estado ruim. Estima-se que a área afetada é de 604,4 mil hectares, o equivalente a 30% da área produtora. Os danos foram severos e irão impactar a safra de maneira muito significativa. O produtor deve avaliar sua lavoura minuciosamente e salvar o máximo de milho possível, com foco em aproveitar, de alguma forma, o que restou da lavoura. Como se não bastassem esses problemas, os produtores rurais de soja e milho do País estão tendo de lidar com a falta de informações sobre os preços futuros dos insumos, como adubos, fertilizantes e agrotóxicos, que, em sua maioria, são importados pelas grandes revendas.

Segundo o Sindicato Rural de Mato Grosso do Sul, não há como planejar os custos da fazenda dessa forma. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), esse cenário contribui para a alta de preços, principalmente no setor de carnes, pois o milho e a soja são utilizados como ração animal, e isso elevou os custos que tiveram de ser repassados para o consumidor. Outro problema causado pela estiagem no Estado é com relação à terminação de bovinos criados a pasto (a terminação é a última fase de engorda do gado até o abate). Por conta da estiagem, a terminação não teve como ser feita no prazo, até maio, e atrasou tudo. Manter boi em confinamento ou semiconfinamento ficou muito caro por conta dos preços do milho e farelo de soja. Além do aumento no custo da ração, outro fato que encarece o preço das proteínas é a alta na energia elétrica. Os custos de energia vão mexer com as contas de toda a cadeia do agronegócio, do produtor rural até o varejo. Desde o início do mês está valendo o novo reajuste da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre a bandeira vermelha nível 2, que passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 por kWh (quilowatt-hora).

A medida vai até dezembro deste ano e foi aplicada por conta da seca e do risco energético no País. Embora o aumento do custo de energia atinja toda a cadeia, o impacto no custo de produção das proteínas é de menos de 1%. A solução para o problema poderia ser aumentar a irrigação. Para o Ministério da Agricultura e Pecuária, Mato Grosso do Sul poderia aproveitar mais o potencial de irrigação para evitar problemas com a estiagem. Atualmente, o Estado irriga 265 mil hectares, mas poderia irrigar 4,7 milhões de hectares. No Brasil, de acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas), a irrigação é utilizada em 8,2 milhões de hectares (entre 3% e 4% da área plantada no País). O cenário externo, sobretudo a demanda da China, também contribuem para essa elevação de preços da soja e do milho. A China foi o principal país responsável pelo aumento das exportações de carne bovina e suína do Brasil.

As aquisições chinesas de carne bovina in natura do Brasil foram de US$ 324,92 milhões (alta de 30,9%), equivalentes a 52,6% do valor total exportado para o mundo. Os dados são de março deste ano. No caso da carne suína in natura, o país asiático aumentou as compras em 61,2% em março, na comparação com março de 2020. Com esse incremento, as exportações chinesas atingiram US$ 148,38 milhões ou 60,7% do valor total enviado para fora pelo Brasil. As vendas externas de frango registraram aumento de 8,1% no valor exportado, passando de US$ 545 milhões em março de 2020 para US$ 589 milhões. O volume subiu 11,8%, enquanto o preço médio caiu 3,3%. A China também foi o principal destino do frango brasileiro, com US$ 102 milhões, seguida de Arábia Saudita, US$ 71 milhões, e Japão, US$ 66 milhões. Fonte: UOL. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.