ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

12/Jul/2021

Boi: geadas e alta do milho elevam nível de ofertas

As geadas que atingiram o Centro-Sul do País na última semana aumentaram ainda mais as preocupações dos pecuaristas em relação à rentabilidade da atividade, tanto para aqueles que confinam o gado neste período do ano quanto para os que tentavam aproveitar um resto de pasto em busca de uma engorda barata. Do lado dos confinadores, a preocupação passa a ser a falta de milho e o consequente encarecimento do insumo, que, juntamente com gado de reposição, é o principal custo da atividade. A cultura da 2ª safra de 2021, que vinha de uma quebra por causa da estiagem prolongada, agora enfrentou geada, sobretudo em partes do Paraná e de Mato Grosso do Sul. Os pecuaristas que criam bovinos a pasto tiveram de entregar ao preço proposto pelo frigorífico os lotes remanescentes, pois, com o frio extremo, as invernadas perderam a capacidade de suporte. De fato, a conjuntura pode reduzir a capacidade de alojamento de bovinos para engorda no cocho, principalmente por parte de pequenos e médios pecuaristas, que costumam comprar milho "da mão para a boca", sem grande capacidade de armazenamento do insumo.

Nos últimos dias, o custo de produção, que já vinha pesado, com os preços recordes do gado de reposição (bezerros e bois magros), voltou a subir com o novo avanço dos preços do milho por causa de quebras de safra. Conforme o indicador Cepea, o milho se valorizou 7,1% na parcial de julho, cotado a R$ 95,93 por saca de 60 Kg. A entrada da 2ª safra de 2021 no mercado havia acomodado um pouco os preços do grão. Mas, agora, a cotação vem tomando impulso nas principais regiões pecuárias do País. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, na região de Dourados, a alta é de 11,11% na parcial de junho, com a cotação passando de R$ 81,00 por saca de 60 Kg para R$ 90,00 por saca de 60 Kg, segundo dados da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famasul). Já havia um prognóstico de queda na produção de milho na 2ª safra de 2021, mas, com a geada, a projeção foi cortada ainda mais. O mercado esperava entre 80 milhões e 85 milhões de toneladas de milho na 2ª safra de 2021, mas, algumas consultorias já trabalham com uma expectativa de 62 milhões de toneladas para o grão, especialmente após revisões para baixo no Paraná e em Mato Grosso do Sul.

O efeito imediato desse cenário foi um aumento sutil na oferta de bovinos para abate nas regiões mais afetadas pela onda de frio. Há, inclusive, casos de pecuaristas que tiveram que vender bois ainda não totalmente terminados. Essa "oferta repentina" pode repercutir no mercado mais à frente. Se o produtor decide comercializar agora o boi gordo que seria vendido no futuro, a oferta para o último trimestre do ano pode ser ainda mais escassa do que o inicialmente previsto. Isso se dará justamente no período de maior consumo de carne bovina. As geadas forçaram pecuaristas a entregar seus lotes remanescentes de bovinos engordados no pasto. Com isso, o preço da arroba caiu em algumas regiões pecuárias e o mercado futuro já ultrapassou o preço do mercado físico. Na semana passada, por exemplo, os futuros do boi na B3 subiram, com o vencimento mais líquido, de outubro, tendo acumulado alta de R$ 4,80 por arroba, para R$ 324,65 por arroba.

O indicador do Cepea encerrou a quinta-feira (08/07) a R$ 319,50 por arroba, enquanto no mercado físico o boi gordo tem sido negociado a R$ 308,50 por arroba à vista em São Paulo (descontado o Funrural e o Senar). Normalmente, na seca, o pecuarista leva parte dos bovinos para a terminação intensiva (confinamento), mas, ainda assim, continua uma quantidade nos pastos. Porém, a pressão vista sobre a arroba nos últimos dias é temporária. A tendência para o preço da arroba ainda é altista por causa da entressafra e da quantidade restrita de bois para abate. As geadas impactaram no milho, após o atraso na colheita da soja, que estreitou a janela de plantio do grão, e a estiagem que afetou as lavouras. Contudo, a percepção é de que quem tinha que confinar já está com o milho comprado, então as projeções de gado confinado para este ano devem se manter. Para esta temporada, a projeção é de redução no total de bovinos confinados no Brasil em relação ao ano passado, mas os números ainda estão sendo apurados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.