06/Jul/2021
A China desacelerou os seus embarques de carne bovina em junho de 2021, quando comparado ao mesmo período de 2020. Ao observar no longo prazo, daqui para trás, em um ritmo histórico de crescimento das exportações de carne bovina para China, a participação chinesa no total exportado vem aumentando. Hoje, ela é de 53% de tudo que o Brasil exporta de carne bovina. Tem sido uma relação conveniente para ambas as partes. A China vivenciou um problema em relação ao seu rebanho suíno. A peste suína africana (PSA) dizimou o rebanho chinês, levou mais ou menos 40% do contingente de suínos da China. O principal consumo proteico do país parte da carne suína. Então, os estoques de proteínas animais da China ficaram bastante comprometidos e, como consequência, os chineses foram buscar fonte proteica animal em outras carnes, como carne de frango, mas principalmente na carne bovina. Porque eles não têm uma capacidade de resposta produtiva muito ágil na carne bovina.
Para produzir carne bovina precisa de tempo, espaço, clima, aptidão e tecnologia, algo que o Brasil tinha a oferecer. Se fortaleceu ainda mais a parceria que existia nesse momento. E, quando se compara o patamar atual que o Brasil está exportando de volume com a média histórica de 2015 a 2019, ainda está acima. No bloco asiático, há vários países que são promissores em termos de relação comercial com o Brasil, considerando a carne bovina e outros produtos também. Indonésia, Coreia do Sul, Vietnã, Hong Kong e China é um conglomerado que tem tudo para continuar comprado no longo prazo. É uma região que deve continuar crescendo. Com o crescimento econômico, o consumidor busca proteínas de qualidade mais alta (muitas vezes de maior valor agregado). Este é o caso da carne bovina. Então, no longo prazo, o Brasil deve continuar com essa relação muito bem estabelecida, mas não sem passar por algumas turbulências, principalmente momentâneas, porque só a China sozinha compra 53% do volume exportado pela Brasil. Se somar Hong Kong, dá mais de 60% de participação destes dois países nas exportações da carne bovina brasileira, chegando a quase 20% do que o País produz.
Ou seja, qualquer mudança da China certamente vai causar efeito no mercado doméstico. Principalmente, porque o consumo do brasileiro está combalido pela crise econômica. Desemprego, perda do poder de compra e o cenário inflacionário têm prejudicado o consumo doméstico. Em termos per capita, o consumo de carne bovina tem caído no Brasil. O País deve continuar exportando bastante para China. A exportação brasileira à China cresceu, de 2015 para cá, de uma maneira bem rápida, principalmente depois do acometimento da peste suína africana (PSA) no rebanho chinês. Assim, é normal que haja uma acomodação. Os preços domésticos dos suínos estão caindo neste momento na China, os abates estão aumentando, ou seja, tem uma oferta maior do produto. Isso, naturalmente, traz uma acomodação do crescimento das exportações de carne bovina brasileira para China. De toda forma, a previsão é de relação bastante frutífera e duradoura, pelo menos pela próxima década, focando no crescimento asiático nos próximos tempos. Fonte: Forbes Brasil. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.