ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Jul/2021

Boi: Brasil ganhando espaço no mercado dos EUA

Relações comerciais conturbadas entre China e Austrália fizeram com que os chineses passassem a buscar mais carne bovina no mercado norte-americano, abrindo espaço para o Brasil elevar suas exportações da proteína aos Estados Unidos, o que gera um movimento por habilitações de novos frigoríficos brasileiros pelo país da América do Norte. O cenário já beneficia gigantes do setor como JBS, Marfrig e Minerva Foods, visto que todas possuem plantas aprovadas para embarcar aos Estados Unidos. Mas, essas empresas têm se movimentado, atentas à possibilidade de abocanhar maior fatia no país norte-americano. Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), os Estados Unidos alcançaram, em maio, a terceira colocação entre os principais compradores de carne bovina do Brasil, com uma disparada de 186% no volume adquirido, para 10,73 mil toneladas, avançando cinco posições ante o mesmo mês de 2020.

A JBS tem 12 unidades habilitadas para exportar para os Estados Unidos e está sempre atenta a possibilidades de ampliação. A Marfrig recebeu, na semana passada, uma recomendação do Ministério da Agricultura para que sua unidade de Chupinguaia (RO) passe a exportar para o mercado norte-americano. Agora, essa planta e a de Alegrete (RS), aguardam aprovação das autoridades norte-americanas para confirmar a habilitação. A Marfrig afirmou que já embarca a proteína in natura e processada por meio de quatro unidades: Bagé e São Gabriel, no Rio Grande do Sul, Bataguassu (MS) e Promissão (SP). A Minerva anunciou que sua divisão de carnes processadas, a Minerva Fine Foods, foi habilitada para exportar produtos cozidos e congelados aos Estados Unidos pela planta de Barretos (SP), única operação de processados da companhia no Brasil. A unidade se juntou a outras cinco plantas da Minerva Foods que podem embarcar a proteína bovina aos norte-americanos, sendo quatro para envio de carne in natura e uma que exporta o produto enlatado.

Embora as empresas estejam buscando ampliar o leque de possibilidades para exportar aos Estados Unidos, os embarques já estão fortes com as atuais habilitações. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, os frigoríficos brasileiros aumentaram em 165,6% o volume da proteína exportada aos norte-americanos, para 33,8 mil toneladas. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que o país vendeu 48.292 toneladas de carne bovina para a China de janeiro a abril, um extremo avanço ante o volume de 3.255 toneladas enviado no mesmo período de 2020. A expectativa é de que os Estados Unidos direcionem parte da sua carne para a China para compensar a redução de exportação da Austrália para aquele país. Com isso, o Brasil acaba ganhando espaço no mercado norte-americano. A conjuntura é promissora para a proteína bovina e pode beneficiar as exportações brasileiras de carne suína aos Estados Unidos.

Apenas a área de aves não seria igualmente favorecida por falta de unidades habilitadas. O conflito político entre China e Austrália motivou o recuo das compras chinesas daquele mercado. Assim, a China passou a comprar carne em outros mercados, e os Estados Unidos saíram favorecidos com essa escolha, mesmo porque o rebanho australiano é muito parecido com o norte-americano. Foi uma substituição zootecnicamente esperada. Como os Estados Unidos são, historicamente, grandes exportadores e importadores de muitos produtos, trazer carne de fora para complementar a oferta local é uma estratégia que também condiz com o perfil de negociação dos norte-americanos. Mas, se não houvesse esse aquecimento no intercâmbio comercial, com aumento de vendas dos Estados Unidos para a China, provavelmente o Brasil ainda estaria patinando no volume para os Estados Unidos.

Em anos anteriores, os frigoríficos brasileiros já sofreram com barreiras sanitárias impostas pelos norte-americanos. Agora, o Brasil tende a consolidar sua posição como fornecedor de carne para os Estados Unidos. O tipo de filé é diferente, mas a carne brasileira serve para várias finalidades, como hambúrguer. O Brasil deve, nesse jogo internacional, melhorar seu desempenho. Sobre o avanço dos Estados Unidos no ranking dos principais destinos da carne do Brasil em maio, ficando atrás apenas de China e Hong Kong, também contribuiu para isso o recuo nas compras de outros países importadores em função da pandemia de Covid-19. Apesar do forte crescimento para os Estados Unidos, os embarques ainda são relativamente pequenos perto das exportações brasileiras à China, que somaram mais de 300 mil toneladas de janeiro a maio. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.