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30/Jun/2021

Lácteos: mercado global dependerá mais da China

A China dita o ritmo da demanda mundial por lácteos e tudo indica que essa condição continuará por vários anos. A demanda por leite na China disparou ainda mais depois que os médicos anunciaram seus benefícios à saúde em meio à pandemia do coronavírus. As empresas de laticínios buscam construir fazendas leiteiras para aumentar a produção. Mas, atender esse mercado é um desafio, especialmente no que se refere à disponibilidade de vacas necessárias para fazendas novas e ampliações planejadas. A China é o terceiro maior produtor mundial de leite, mas a produção do ano passado, de 34 milhões de toneladas, cobriu apenas cerca de 70% das necessidades domésticas. Além disso, os custos de alimentação atingiram os níveis máximos de vários anos, enquanto terra e água também são escassas, tornando a China um lugar caro para produzir leite. Neste turbilhão de novas fazendas leiteiras na China, 200 novos projetos de megafazendas foram anunciados no ano passado.

Até agora, 10.000 vacas leiteiras foram incorporadas, mas no total os planos exigem que cerca de 2,5 milhões de vacas sejam adicionadas nos próximos anos, cerca de metade do atual rebanho leiteiro da China. Essas novilhas importadas precisam ser alimentadas, e os custos da alimentação apresentam outra dificuldade, já que as novilhas importadas demoram para se tornar vacas leiteiras. Além disso, após uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, o presidente Xi Jinping anunciou que cada casal poderá ter até três filhos, o que marca o fim da política de dois filhos implementada em 2015 e que substituiu a regra de um filho em vigor desde 1979. A taxa de fecundidade do país é atualmente de 1,3 filhos por mulher (longe da taxa de reposição de 2,1 filhos por mulher), deixando a China lado a lado com os países menos férteis do planeta, como Coreia do Sul, Singapura ou Espanha. Estão em seu ponto mais baixo de nascimentos desde 1961.

O problema é o mesmo de sempre: a inversão da pirâmide populacional. Hoje, são 18,7% da população com 60 anos ou mais, quando dez anos antes, representavam 13,3%. A previsão é de que subam para 33% até 2050, e outro relatório de 2019 da Academia Chinesa de Ciências Sociais afirma que, se os benefícios sociais e a atual taxa de natalidade forem mantidos, é provável que o fundo de pensão estatal vá ficar sem dinheiro até 2035. Essa mudança pode ser muito lucrativa, especialmente para fornecedores globais de fórmulas infantis. Desde o escândalo do leite adulterado com melamina em 2008, a confiança do consumidor nas marcas locais ficou muito abalada. Hoje, a China é o grande consumidor de leite, mas a grande notícia para o mercado mundial é que certamente continuará sendo por vários anos. Em maio de 2021, as importações chinesas de produtos lácteos atingiam 409.198 toneladas, aumento de 62,7% em relação ao ano anterior, por um valor US$ 1,39 bilhão (+38,4% em comparação com maio de 2020).

O leite embalado é o produto mais pedido, com os volumes importados quase o dobro em relação ao mesmo período de 2020, aumentando em 90,9% em maio de 2021. A União Europeia detém 64% de participação de mercado, sendo a Alemanha e a Polônia os principais fornecedores. A China também vê um aumento constante na demanda por creme de leite. Na comparação com janeiro-maio de 2017, as quantidades importadas em 2021 mais que dobraram: 117.858 toneladas, +158%. Os queijos também estão entrando cada vez mais no carrinho de compras chinês. Em maio, as compras da China atingiram 16.356 toneladas (+180,2%), com forte aumento dos queijos frescos (+338,5%), sendo 90% da Nova Zelândia e Austrália, mas com aumento também na Itália: 379 toneladas vendidas (+668,4%). Fonte: Edairynews e o Observatório de la Cadena Láctea Argentina (OCLA). Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.