11/Jun/2021
A liquidez de negócios no mercado físico de boi gordo evolui pouco, com o descompasso entre oferta e demanda por gado terminado nas regiões pecuárias do País. Os frigoríficos aumentam a busca por matéria-prima, motivados pela reação do consumo doméstico e pela maior procura do mercado externo. A disponibilidade de bovinos mais baixa, porém, dificulta o preenchimento das escalas de abate e influencia a alta dos preços da arroba. O maior aperto tem sido registrado nas indústrias das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Ao contrário das Regiões Norte e Nordeste, que verificam um equilíbrio melhor entre oferta e demanda.
Há piora nas escalas de abate em Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, apesar do avanço nas empresas de São Paulo. O pior cenário ocorre em Minas Gerais, já que as programações atendem em média a 4 dias úteis. Em São Paulo, entretanto, esse indicador chega a 9,73 dias úteis. No mercado doméstico, a primeira quinzena do mês permitiu uma melhora no escoamento, enquanto no mercado externo os primeiros dias úteis de junho também registraram avanço, após o recuo das exportações no mês de maio. A perspectiva é de que o embarque de carne bovina do Brasil continue acelerado, especialmente em virtude da recuperação econômica global depois do pico da pandemia do coronavírus.
O mercado também monitora a situação da Argentina, onde a suspensão das exportações de carne bovina pode ser prorrogada para além dos 30 dias inicialmente definidos pelo governo. Caso isso, de fato, ocorra, o Brasil pode começar a enxergar maior espaço de penetração no mercado chinês, ocupando o gargalo deixado pelo concorrente. Do ponto de vista produtivo, o que mantém enxuta a oferta de gado é o momento estrutural do ciclo, no qual pecuaristas retêm fêmeas para recompor o rebanho, aproveitando a boa remuneração da atividade de cria de bezerros. Além disso, os custos de produção para os confinamentos encontram-se em patamares historicamente altos, o que inviabiliza um aumento expressivo na quantidade de bovinos confinados por propriedades de pequeno e médio portes, prolongando a conjuntura atual.
Em geral, os produtores de grande porte preferem gerir melhor as ofertas de venda de bois confinados para a etapa final do ano, quando já há vencimentos na B3 negociados ao redor de R$ 336,00 por arroba. Em São Paulo, o boi gordo está cotado a R$ 308,50 por arroba à vista e R$ 315,00 por arroba a prazo. A vaca gorda é negociada a R$ 287,50 por arroba à vista. No Paraná, algumas plantas processadoras começaram a pular dias de abate por causa da escassez de gado pronto. A cotação está entre R$ 302,50 e R$ 305,00 por arroba à vista. Em Rondônia, o boi gordo está cotado entre R$ 297,50 e R$ 303,00 por arroba à vista.
Em Mato Grosso do Sul, a cotação é de R$ 310,00 por arroba a prazo. Na Bahia, o boi gordo é negociado a R$ 292,00 por arroba à vista. Em Goiás, a cotação atual é de R$ 303,00 por arroba à vista. Em São Paulo, no atacado, o traseiro do boi está cotado a R$ 22,10 por Kg. O dianteiro é negociado a R$ 17,60 por Kg. A demanda está firme nesta semana e as distribuidoras enfrentam dificuldades para repor os estoques, em razão do encurtamento das escalas de abate dos frigoríficos. O movimento já era esperado pelo mercado, em função do recebimento da massa salarial e adiantamentos do décimo terceiro para aposentados e pensionistas.