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01/Jun/2021

Leite: custos de produção batem recorde no Brasil

Assim como nas cadeias de carnes suína e de frango, o efeito da alta de custos das rações já chama a atenção em outro universo: produzir leite, em abril, foi 31,14% mais caro que um ano antes. O Índice de Custos de Produção de Leite (ICP), que integra relatório recente da Embrapa Gado de Leite, alcançou no mês passado seu mais alto patamar desde o início da série histórica, em 2007. O retrato põe em alerta o segmento, que viverá um ano atípico. Via de regra, neste período do ano, é natural que o custo suba na atividade, já que, em virtude do clima mais seco, quem produz a pasto passa a usar silagem, por exemplo. Contudo, 2021 é um ano distinto para quem opta por todos os modelos produtivos, principalmente em razão da alta de preços de matérias-primas como soja e milho. Este cenário deve afetar de modo atípico a oferta de leite nos próximos três meses, período em que, sazonalmente, ela já é mais baixa que em outras épocas do ano.

Assim como em outras cadeias, a soja e o milho, cujos preços dispararam desde 2020, têm forte peso na composição da alimentação animal. Na cadeia leiteira, eles são itens que podem representar entre 40% e 60% do custo. Segundo o Ministério da Agricultura (Mapa), o produtor comprava o milho entre R$ 35,00 e R$ 40,00 por saca de 60 Kg há um ano, e hoje o custo é de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. Em números, a alimentação concentrada, a produção e compra de volumosos (silagens e outros) foram os destaques na formação do índice inflacionário, com aumentos de 52,36% e 34,65% em doze meses, respectivamente, conforme o relatório de abril da Embrapa Gado de Leite. O documento é elaborado com base em Minas Gerais, o maior Estado produtor de leite do País. Minas Gerais responde por 29% da produção, que no ano passado alcançou 34 bilhões de litros. Como a tendência não é de baixa para os grãos, o custo seguirá nesse ritmo.

O preço ainda não é problema, porém as margens estão apertadas. O produtor passou a receber R$ 0,05 por litro a mais em maio e há expectativa de aumento em junho. Mas, com a alta de custos, há produtores com margens negativas e pequenos produtores saindo da atividade. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, em abril, o produtor perdeu 31% de seu poder de compra em relação a 2020. No mercado spot (compra de leite entre indústrias), mais acirrado, houve acréscimo de R$ 0,50 por litro, para R$ 2,50 por litro aproximadamente. O varejo ainda não repassou todo o aumento, mas o que pode acontecer com o consumo é uma pergunta importante. O leite é a proteína mais barata e consumida pelas classes com menor poder de compra, mais afetadas pela piora do cenário econômico. Os produtores se mobilizam para tentar reduzir o impacto e pedem ao governo a redução de alguns impostos. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.