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25/Mai/2021

Boi: consumo cai para menor patamar em 25 anos

A pandemia de Covid-19 provocou mudanças à mesa dos brasileiros, que cortaram o consumo de carne bovina para o menor nível em 25 anos, de acordo com dados do governo, que calcula a disponibilidade interna do produto subtraindo o volume exportado da produção nacional. Não bastasse a perda de renda da população, os preços de cortes bovinos dispararam, na esteira de valores recordes do boi gordo, limitando o consumo interno, enquanto a China importa como nunca carnes do Brasil. Agora, cada brasileiro consome 26,4 quilos desta proteína ao ano, queda de 14% em relação a 2019, quando ainda não havia crise sanitária. Este é o menor nível desde 1996, início da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Só nos primeiros quatro meses do ano, o consumo per capita de carne bovina caiu mais de 4% em relação a 2020.

A questão da pandemia trouxe desemprego e perda de renda. Isto empobreceu a população e gerou perda de poder aquisitivo, enfraquecendo o consumo interno da proteína. A alta da carne bovina levou o brasileiro a procurar opções mais baratas, incluindo frangos e suínos. Além disso, o consumo de ovos, que o Brasil quase não exporta, chegou ao maior nível em 20 anos. Enquanto o Brasil fica mais pobre, a peste suína africana (PSA), que dizimou boa parte do rebanho suíno da China diminuiu a oferta de carne naquele país, levando-o a importar mais proteína de outros lugares. Isto ajudou a fomentar uma inflação global dos alimentos, que também assola o Brasil. O mundo todo está pagando mais por comida. A moeda fraca castiga o Brasil em especial, pois o câmbio desvalorizado aumenta os custos de produção internamente.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço das carnes em geral subiu 35% no País nos 12 meses até abril, mais que cinco vezes o próprio IPCA no período. No caso do boi gordo, o preço subiu mais de 50% na comparação com o mesmo período de 2020, operando atualmente em cerca de R$ 305,00 por arroba, um pouco abaixo da máxima história registrada em 2021. Os frigoríficos lidam ainda com uma cíclica diminuição da oferta de bovinos para abate. Com a alta das carnes, algumas famílias agora comem mais ovos. Segundo a Embrapa, já se observa maior procura por material genético para produzir ovos em pequena escala e vendê-los nas grandes cidades. O preço do ovo não subiu como o do frango, cuja alta ficou em linha com a inflação de alimentos; e muito menos que o do suíno, que subiu bem acima dos alimentos por causa de um aumento da exportação para China. No lado da oferta, a alta do preço das carnes no Brasil também reflete maiores custos de produção.

Para as empresas, a escassez de bovinos para abate causa uma ociosidade que está entre 35% e 40%, com reflexos no suprimento doméstico. Se a empresa tem autorização para exportar, a preferência é abater e vender a clientes como a China, que pagam em dólares e cobrem os custos. Do lado das aves e suínos, o vilão é o milho, que dobrou de preço no último ano e é o mais importante componente da ração. Mas, mesmo com custos mais altos, os produtores de frango e suínos conseguiram aumentar a disponibilidade interna dos dois tipos de proteína. Houve alta de 5% no consumo per capita de suínos e 6% no de frango em 2020, parte disso impulsionado pelo auxílio emergencial. Com a pandemia, se pensou que haveria problemas de ruptura da cadeia de frangos e suínos. Mas, pelo que aparece na estatística de consumo per capita, não foi isto que aconteceu. Fonte: Reuters e Money Times. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.