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20/Mai/2021

Boi: demanda da China sustentando as exportações

A firme demanda internacional, sobretudo da China, por carne bovina mantém aquecidas as exportações brasileiras da proteína bovina in natura. Desde julho de 2018, o Brasil sustenta os envios mensais ao mercado externo acima de 100 mil toneladas. Até então, a sequência anterior mais longa com as vendas acima dessa quantidade havia sido verificada entre maio de 2006 e junho de 2007, ou seja, por 14 meses. Vale lembrar que, em meados de 2018, começaram a ser verificados surtos de peste suína africana (PSA) no mundo, especialmente em rebanhos da China. Esse contexto levou o país asiático a abater grande parte do rebanho de suínos e, consequentemente, aumentar a demanda por carne no mercado internacional. Aqui ressalta-se que, temerosa do consumo da carne suína, naquele período, parte da demanda chinesa acabou migrando para a bovina. Desde então, o país mantém firme e elevado o volume demandado no mercado internacional.

Outro fator que ajuda a manter as exportações brasileiras elevadas é a forte valorização do dólar frente ao Real nos últimos três anos. No início de 2018, a moeda norte-americana operava na casa dos R$ 3,20, passando para R$ 3,83 em julho daquele ano. Em 2019, a moeda operou na casa dos R$ 4,00 na maior parte do ano e em 2020, dos R$ 5,00. Agora, em 2021, o dólar chegou a atingir média de R$ 5,64 em março. Entre julho de 2018 e abril de 2021, a moeda norte-americana se valorizou expressivos 45%. Como resultado, houve concentração de vendas à China. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), de todo o volume de carne bovina embarcado pelo Brasil em 2018, 43,7% tiveram como destino a China (considerando Hong Kong). Em 2019, a representação da China aumentou para 45,3%, e em 2020, para 58,7%. Na parcial de 2021 (até abril), das 559,8 mil toneladas exportas pelo Brasil, 329,31 mil toneladas foram para a China, ou seja, 58,83% do total.

Ainda que isso seja mais resultado da demanda internacional aquecida e não propriamente da busca de frigoríficos brasileiros por poucos grandes parceiros, as vendas concentradas no mercado asiático, por sua vez, fazem com que o desempenho dos exportadores fique condicionado ao comportamento de um único destino. Apesar de a China não mostrar sinais de que possa diminuir com força as compras de carne no Brasil no curto prazo, especialmente diante dos recentes novos casos de PSA no país, exportadores brasileiros devem manter as estratégias de buscar ampliar os destinos da proteína. Quanto mais diversificadas as vendas, menores são as chances de o Brasil sofrer grandes impactos com diminuições e/ou interrupções dos embarques para um único destino. É evidente que o mercado internacional é bastante importante para o setor pecuário brasileiro. As exportações aquecidas movimentam a indústria nacional e favoreceram o desempenho de todo o ramo pecuário do Brasil.

Em 2020, o PIB do ramo pecuário cresceu expressivos 24,56%, levando o PIB do agronegócio nacional a avançar 24,31%. No campo, contudo, a produção brasileira não conseguiu acompanhar o avanço da demanda por carne bovina. O resultado foi o contínuo aumento dos preços do boi gordo, da reposição e da carne negociada no mercado atacadista nacional. Em julho de 2018, o valor médio real do boi gordo (valores foram deflacionados pelo IGP-DI) estava em R$ 209,00 por arroba saltando para R$ 219,00 por arroba no encerramento daquele ano. Em 2019, o boi gordo passou a ser negociada acima de R$ 220,00 por arroba em praticamente todo o ano e, em 2020, superou os R$ 300,00 por arroba. Nos primeiros cinco meses de 2021, o boi gordo tem sido comercializado acima de R$ 310,00 por arroba. Na B3, os contratos com vencimento no final deste ano operam na casa dos R$ 330,00 por arroba. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.