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19/Mai/2021

Boi: Brasil deverá manter a atenção na Argentina

Segundo o Itaú BBA, a suspensão das exportações de carne bovina pela Argentina por 30 dias só deve influenciar positivamente as vendas brasileiras se a medida durar mais tempo. A expectativa é de uma extensão da medida e, nesse caso, criaria uma lacuna no mercado internacional para os frigoríficos brasileiros preencherem, principalmente em relação à China. As empresas precisam de tempo para se reorganizar, especialmente os importadores, que devem parar para analisar a situação e deslocar os pedidos para outros players. Nesse aspecto, o Brasil figura como um importante fornecedor da proteína bovina, ao lado dos Estados Unidos, já que Paraguai, Nova Zelândia e Austrália podem ter uma queda expressiva na produção de gado este ano.

A demanda adicional seria bem recebida pela indústria exportadora brasileira, já que isso pode trazer um impulso aos preços em dólar do produto. A melhor remuneração tende a aliviar as margens das empresas, que não estão muito confortáveis por causa do encarecimento da arroba do boi no País. O ponto de preocupação, entretanto, é a possibilidade de o aumento de preços e volumes para exportação puxar a cotação do gado. Se o boi fica mais caro também, o frigorífico que só vende para o mercado interno vai se deparar com uma situação ainda mais apertada do que a atual, porque o ambiente continua muito desafiador para repasse de preços ao consumidor doméstico. É preciso manter a atenção para a oferta restrita de gado terminado no Brasil este ano, o que pode atrasar o aumento nos volumes para exportação, no caso de a Argentina continuar fora do mercado.

Depois de julho e agosto, o Brasil tem uma entressafra bem forte, mas é possível gerar volumes para setembro e outubro porque frigoríficos maiores estão preparados para esse cenário, inclusive com confinamentos próprios. Outra questão que deve ser considerada no mercado é a possibilidade de a decisão do governo argentino deteriorar a imagem do país como um fornecedor seguro e confiável de carne. A China pode começar a habilitar mais plantas brasileiras por causa da confiança na parceria e no produto nacional. A Argentina costuma exportar cerca de 800 mil toneladas de carne bovina por ano. Embora a quantidade represente apenas 30% do que o Brasil exporta, o produto argentino é bem visto no mercado internacional, especialmente do ponto de vista da qualidade da carne.

O governo argentino decidiu pela restrição com base em um interesse político. Isso porque, no curto prazo, a medida aumenta a oferta de carne no mercado interno, o que, de fato, ajuda a conter a inflação. No longo prazo, porém, o que ocorre é um desestímulo à atividade pecuária, que já foi uma das mais importantes da Argentina, além de trazer insegurança jurídica para toda a cadeia e quebrar a confiança de importadores. O país já experimentou essa estratégia no passado, o que acabou reduzindo a produção justo em um momento em que o Brasil, concorrente importante, cresceu no setor. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.