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10/Mai/2021

Carnes: preços dependem dos ciclos reprodutivos

Particularidades dos ciclos produtivos de cada proteína animal explicam, além das questões econômicas, o nível atual de preços desses produtos. Elas influenciam na oscilação de oferta de animais e fazem com que as alterações no modo de consumo e as decisões referentes à criação demorem um pouco mais para se refletirem nos preços finais. A produção de carne bovina, por exemplo, tem esbarrado em uma questão estrutural e sazonal, que é a escassez de bois prontos para o abate. O cenário é resultado de um movimento de maior abate de fêmeas em 2019, desencadeado pelo crescimento na demanda da China, mas que também é normalmente utilizado como estratégia para reduzir os custos de produção quando o preço da arroba recua.

A queda na disponibilidade de fêmeas, entretanto, gerou uma escassez de bezerros, o que levou os pecuaristas a iniciarem em 2020 um movimento de retenção de fêmeas para aproveitar os preços remuneradores da atividade de cria. Com redução na oferta de bovinos e altos preços de insumos, como o do bezerro e de grãos, utilizados para ração animal, as cotações do boi gordo dispararam no ano passado. Nos últimos doze meses, a valorização foi de 21,56%, passando de R$ 255,00 por arroba para R$ 310,28 por arroba atualmente. No mês passado, no dia 14 de abril, o preço bateu a máxima de toda a série histórica do Cepea, a R$ 320,75 por arroba. Há uma carência de gado para abate e mesmo os frigoríficos que não exportam relatam dificuldades para aquisição dessa matéria-prima.

Isso, certamente, é outra forte influência de alta. Esse salto na arroba do boi gordo é o que tem pressionado as margens de lucro dos frigoríficos, principalmente os que produzem carne bovina direcionada ao mercado doméstico, cuja demanda está reprimida. E a consequência direta é o repasse desse custo ao preço do produto final. Como o período de produção de bovinos é mais longo, com duração de até 18 meses, a perspectiva é de que a alta nos preços associada à restrição na oferta de bovinos perdure até 2022, quando a recomposição do rebanho já deve estar mais avançada. No caso das cadeias de aves e suínos, as decisões tomadas por produtores têm efeitos em um prazo mais curto, pois o processo entre iniciar a criação e abater esses animais demora cerca de 40 dias e 130 dias, respectivamente.

As empresas se aproveitam disso para tentar manter os preços dessas carnes em alta. O que tem sido feito e que deve se refletir de forma mais imediata em aumento de preços no mercado é a redução no volume de abates de frangos e no peso das aves, uma vez que a última fase da engorda costuma ter menor conversão alimentar, isto é, o animal consome a mesma quantidade de ração para ganhar menos peso, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Outra opção é o descarte de matrizes mais velhas. Além disso, persiste o bom escoamento do produto para o mercado interno, com o ganho de competitividade frente à carne bovina. A carne suína, menos procurada do que a de frango pelos consumidores brasileiros, tem os preços mais voláteis, porém sustentados pelas exportações aquecidas.

Os frigoríficos habilitados para exportação aumentam as buscas pelo animal, impulsionando os preços no mercado doméstico. A proteína voltou a se valorizar de forma mais expressiva, mas esse aumento ainda não deve ser suficiente para compensar totalmente os custos da suinocultura. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no mês passado o suíno registrou média de R$ 7,25 por Kg na região produtora de São Paulo (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), 8,4% a mais do que o observado em março. No Paraná, na região sudoeste, o avanço mensal foi de 3,6%, com o suíno cotado a R$ 6,82 por Kg na média de abril. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.