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04/Mai/2021

Ovos: consumo aumenta no Brasil com pandemia

O brasileiro nunca comeu tanto ovo como em 2020. Com o aumento desenfreado do preço da carne, a queda de poder de compra da população, e a mudança de hábito trazida pela pandemia, com mais gente se alimentando em casa, o ovo está longe de ser um coadjuvante na mesa da população. No ano de 2020, cada brasileiro comeu 251 ovos. É um volume recorde. Há 20 anos, o consumo anual de cada cidadão era de 94 unidades. Dez anos atrás, esse número subiu para 148 ovos. Hoje, o brasileiro come mais ovos que a média do cidadão mundial, que é de 230 ovos por ano. O alimento, que até poucos anos atrás figurava entre os vilões da saúde, condenado pelo teor de colesterol, migrou para as páginas da alimentação saudável. A indústria fez sua parte, com produção de 1.500 ovos por segundo no Brasil. As chamadas “poedeiras”, como são conhecidas as galinhas nas granjas, entregaram 53 bilhões de ovos em 2020. Neste ano, a produção deve chegar a 56 bilhões de unidades.

Com o volume recorde de consumo e alta de preços nas gôndolas do supermercado, tudo indicaria que a vida do produtor nacional de ovos já está ganha. Mas, não é bem assim. Ironicamente, a indústria de ovos vive, atualmente, um momento delicado, devido ao preço do milho e do farelo de soja. A ração das aves responde por mais de 81% do custo de produção da proteína. Em abril de 2020, o milho era comprado, no Paraná, por R$ 46,00 por saca de 60 Kg. Hoje, a cotação é de R$ 98,00 por saca de 60 Kg, aumento de 110%. No mesmo intervalo, o preço do ovo praticado pelo produtor registrou alta de 19%. É o “efeito China”, que tem determinado o preço do ovo. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a fase atual é de recorde de consumo. Mais de 50% da população brasileira reconhece o ovo como o segundo melhor alimento, depois do leite materno.

O setor foi declarado como serviço essencial para não deixar faltar comida na mesa da população. Mas, houve um salto nos preços dos insumos, que afeta o setor. Há produtores operando com margem negativa, por causa do preço dos insumos. Alguns produtores têm dado férias coletivas e reduzido a produção. Em 2020, o valor bruto de produção de ovos chegou a R$ 19,1 bilhões. A previsão é de que haja um aumento de 5,2% neste ano, com movimento de R$ 20,1 bilhões, estima a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) acompanha a evolução do mercado de ovos no País, desde 2013. O preço no atacado nunca havia registrado uma alta como a atual. Ainda assim, os reajustes não foram suficientes para limitar as perdas acumuladas ao longo do ano.

Os custos de produção, que já estavam elevados em 2019, entraram em 2020 em uma espiral de alta sem precedentes, reduzindo o poder de compra dos avicultores. Em novembro do ano passado, chegaram ao pior patamar já registrado em toda a série histórica. Na média de 2020, o preço do milho subiu 49% ante 2019, enquanto o farelo de soja saltou 54%, ao passo que os ovos tiveram aumento médio de 23% no ano. Os preços estão batendo recorde e nunca se consumiu tanto, mas têm outros fatores que devem ser considerados. Esse mercado é muito dinâmico e essa condição não significa que todo o setor esteja bem. O repasse é automático, sempre, e cabe ao consumidor pagar a conta. O setor produtivo já vê novos aumentos como inevitáveis e cobra medidas do governo para tentar reduzir a pressão dos insumos, que hoje são pautados por preços internacionais, como ocorre com os combustíveis, por exemplo.

Uma das pautas é a isenção de PIS/Cofins sobre as transações nacionais de compra de ração. Hoje, um importador de farelo e milho está isento desses impostos, enquanto um produtor nacional tem de pagar a conta. O setor não é contra a exportação de grãos, mas é preciso viabilizar o negócio no Brasil. Hoje, o concorrente externo compra milho brasileiro mais barato que o produtor nacional. Outra demanda é que os produtores tenham acesso, antecipadamente, sobre as projeções nacionais de compra de grãos, para que possam se organizar e antever grandes saltos especulativos. Em muitos países isso já é feito. O setor pede acesso a informações. Duas semanas atrás, a BRF, que é a maior produtora de aves do País, decidiu reagir aos preços nacionais da ração e anunciou a compra de milho da Argentina e do Paraguai, onde encontrou insumo mais barato que aquele plantado no Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.