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26/Abr/2021

Lácteos: Brasil sofre queda da demanda em 2021

Depois de bater recordes em 2020, os preços dos lácteos no Brasil despencaram. A ajuda governamental no ano passado ajudou a elevar os preços dos produtos lácteos, mas essa ajuda agora foi descontinuada, o que está forçando os varejistas e atacadistas a fazerem grandes descontos nos preços para movimentar os produtos conforme mais brasileiros voltam à pobreza. A demanda por lácteos no Brasil permaneceu notavelmente robusta durante a maior parte de 2020, apesar do fato de o Brasil ter sido um hotspot global para o vírus e fonte de uma variante particularmente contagiosa da Covid-19. Um dos grandes fatores que apoiaram a demanda sustentada no ano passado foi a introdução do auxílio emergencial governamental.

Este programa de transferência de renda enviou o equivalente a cerca de US$ 100,00 por mês para famílias economicamente vulneráveis entre abril e agosto. Em setembro, o governo cortou a ajuda pela metade e encerrou o programa em 2021. Creditado por tirar milhões de brasileiros da pobreza, o programa de ajuda à pandemia, tanto em sua forma original quanto reduzida, teve um impacto positivo na demanda por lácteos. As vendas substanciais de produtos lácteos desempenharam um papel fundamental em empurrar os preços do leite no Brasil para níveis recordes no ano passado. Entre janeiro e outubro de 2020, os preços do leite no Brasil dispararam 57,8%, atingindo um preço equivalente nos Estados Unidos de mais de US$ 39,70 por 100 quilos. Isso é considerado muito alto para os padrões regionais.

A forte demanda e os altos preços do leite também sustentaram as importações do país em 2020, que aumentaram 21% ano a ano em termos de volume, após o ajuste para o dia útil. Para atender à forte demanda do ano passado, as importações de leite em pó aumentaram. As importações brasileiras de leite em pó integral aumentaram 44,7%, em comparação com os níveis de 2019, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Mas, este ano a situação é muito diferente de 2020. Em uma tentativa de reduzir os gastos, o governo do Brasil reduziu a ajuda ao coronavírus (o auxílio emergencial foi reduzido em valor e abrangência).

No entanto, o impacto sobre as taxas de pobreza será muito menos positivo do que no programa de ajuda do ano passado. Como resultado dos grupos de baixa renda terem menos dinheiro, os varejistas e atacadistas foram forçados a fazer descontos significativos nos preços dos laticínios para movimentar os estoques. Esses sinais de preço repercutiram na cadeia de valor do leite, resultando em uma queda de 8,8% no preço do leite nos últimos três meses. Os preços mais baixos do leite são notícias indesejáveis para os produtores de lácteos brasileiros que viram os custos operacionais subirem com a alta dos preços dos alimentos.

As margens de produtor mais baixas podem levar a uma contração da produção de leite este ano, após o aumento de 1,8% ano a ano no ano passado. Uma combinação de demanda mais fraca por produtos lácteos e queda nos preços domésticos provavelmente fará com que o Brasil importe menos produtos lácteos nos próximos meses. Como resultado, mais produtos da Argentina e do Uruguai, que normalmente teriam ido para o Brasil, chegarão ao mercado global. Fonte: Dairy Herd Management. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.