ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

22/Abr/2021

Leite: oferta limitada deve elevar preços em abril

De janeiro a março, os preços do leite no campo registraram queda acumulada real de 10,7% (deflacionados pelo IPCA de março/2021). Ainda que nesse período a produção seja favorecida pelas chuvas de verão na Região Sudeste, o movimento de desvalorização neste ano não esteve atrelado a uma situação de sobreoferta, mas, sim, ao enfraquecimento da procura por lácteos. E essa diminuição na demanda se deve à queda no poder de compra do brasileiro, à elevação do desemprego, ao fim do recebimento do auxílio emergencial para muitas famílias e ao agravamento dos casos de Covid-19.

No entanto, um novo cenário de oferta limitada deve impulsionar o preço do leite captado em março e pago em abril. Dois fatores têm influenciado a diminuição da produção: o avanço da entressafra e a elevação dos custos de produção. Tipicamente, a partir de março, verifica-se redução no volume de chuvas e, consequentemente menor disponibilidade de pastagens, o que prejudica a alimentação do rebanho e a produção de leite nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Assim, o avanço da entressafra da produção leiteira é, sazonalmente, um fator de desequilíbrio entre oferta e demanda e, portanto, de elevação de preços entre março e agosto.

Contudo, neste ano, essa situação deve ser agravada por conta da valorização considerável e contínua dos grãos, principais componentes dos custos de produção da pecuária leiteira. Pesquisas mostram perda substancial na margem do produtor. Com o custo alto, o manejo alimentar das vacas tem sido prejudicado e o abate estava crescente (aproveitando os preços atrativos do mercado de corte). Consequentemente, a oferta de leite no campo deve seguir limitada nos próximos meses. Ademais, é preciso destacar que, com a desvalorização do Real frente a outras moedas, as exportações de lácteos são estimuladas.

Por outro lado, as importações devem seguir em queda em relação aos meses anteriores, ainda que estejam atingindo volumes maiores do que os registrados no mesmo período do ano passado. Nesse cenário de limitação de oferta, a competição das indústrias pela compra de matéria-prima deve se acirrar, levando, consequentemente, à retomada dos preços ao produtor. Contudo, esse movimento de valorização do leite no campo deverá acontecer de forma comedida, sendo possivelmente freado pela demanda fragilizada.

Em março, as indústrias de laticínios tiveram dificuldades em manter preços atrativos aos seus fornecedores e, ao mesmo tempo, em repassar a elevação do custo da matéria-prima aos derivados. Apesar de haver, portanto, uma tendência de retomada dos preços dos derivados negociados entre indústrias e canais de distribuição, esta ocorre de forma controlada, ainda pressionando as margens da indústria. A oferta limitada deve impulsionar cotações a partir de abril. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.