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13/Abr/2021

Boi: ociosidade causa fechamento de frigoríficos

A combinação entre escassez de matéria-prima, aumento de custos e um mercado interno enfraquecido já levou os frigoríficos brasileiros a reduzirem em mais de 45% sua produção neste ano. Na Bahia, Estado que apresenta a maior taxa de ociosidade entre os 13 considerados, esse percentual chega a 60%, refletindo uma dura estratégia de reduzir a operação para controlar os custos. Muitas indústrias estão fazendo dois tipos de abate: ou pulando dias da escala, abatendo de duas a três vezes por semana, ou abatendo todos os dias, porém, diminuindo o ritmo de abate diário. As duas estratégias são as principais usadas pelo setor para fazer frente ao cenário atual. Todas as indústrias frigoríficas estão com dificuldades de encontrar bovinos para abate, mas o cenário é pior para aquelas que dependem do mercado interno. O principal importador da carne brasileira é China (e Hong Kong), e essa demanda aquecida fez com que a procura da indústria frigorífica por boi gordo, principalmente as que exportam, aumentasse, prejudicando as indústrias menores que não têm a certificação de exportação.

A situação fez com que a margem de comercialização da carcaça bovina superasse a da carne desossada, tornando mais lucrativo para essas empresas abater os bovinos e enviá-los para serem processadas em plantas menores. Hoje, o cenário é complicado. No caso da desossa, com os preços atuais, a margem de comercialização é de praticamente zero. Para a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) este é o pior cenário que uma empresa do setor poderia enfrentar, já que a carne desossada possui maior valor agregado. Uma planta que opera com 50% de ociosidade, ou às vezes até mais, fica numa situação muito difícil. Porque ela tem custos elevados e a receita está recuando por estar operando muito abaixo da capacidade, com dificuldade de honrar os compromissos. A situação dos pequenos e médios frigoríficos voltados para o mercado interno é considerada dramática e o fechamento de unidades é cada vez mais frequente. Essas empresas não têm como continuar abatendo, porque compram matéria-prima cara e o retorno para vender a carne no mercado interno é negativo.

Não há um levantamento sobre o número exato de frigoríficos que fecharam nos últimos meses, mas destacam-se casos emblemáticos, como a Frigol em Goiás, a uma unidade da JBS em Juína, Mato Grosso. Segundo a empresa, o fechamento se deu por razão estratégica de remanejamento da produção de carne bovina para a unidade de Brasnorte, com estrutura mais moderna e maior escopo de atividades. Sem perspectivas de uma melhora expressiva na oferta de bovinos no curto prazo, a situação da indústria para os próximos meses depende da melhora das condições da economia e a retomada do consumo no mercado interno. Neste sentido, é fundamental o avanço da vacinação para a retomada da atividade econômica a níveis normais, com a reabertura dos canais de alimentação fora de casa, por exemplo. São fatores muito incertos. A situação para a indústria vai continuar desfavorável neste ano e, dentro deste contexto, não é difícil que outras empresas encerrem as atividades, nem que seja temporariamente. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.