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30/Mar/2021

Boi: preço interno da carne limitado pela demanda

Segundo o Itaú BBA, sem perspectiva de uma reação da demanda interna por carne bovina nos próximos meses, a indústria seguirá com dificuldades para repassar aos preços o custo maior da arroba do boi gordo. A conjuntura tende a se alterar à medida em que evoluir a vacinação contra a Covid-19 e, por consequência, a economia reagir. Diferentemente do que pensa parte do mercado, há pouca esperança de que o retorno do auxílio emergencial em abril destrave esse consumo, pois não só a carne que está mais cara, mas toda a cesta básica. Esse auxílio terá um prazo mais curto, um valor menor, e vem em um momento de maior pressão inflacionária. Por causa do arrefecimento do consumo, o mercado de carne bovina vive um impasse: frigoríficos não conseguem reajustar os preços do produto enquanto pecuaristas retêm os bovinos no pasto, o que mantém firme o valor do boi para a indústria.

O agravamento da pandemia do coronavírus no País aumenta a incerteza e os temores do mercado de proteína animal, que registra um recuo nas vendas com a saída de atacadistas dos negócios. Os preços não conseguem evoluir e os frigoríficos estão com dificuldade de repassar o aumento de custos e sem conseguir enxugar o volume de abates o suficiente para pressionar a arroba do boi gordo. O que tem sustentado as atividades nas plantas de processamento e mantido a liquidez do físico é a exportação. De fato, as indústrias habilitadas encontram menos desafios, ainda mais com a retomada das vendas externas em março, após um período mais fraco até meados de fevereiro. Mas, o spread entre o preço do produto e o do boi continua pequeno. Há três situações que podem trazer maior equilíbrio para o mercado: o dólar avançar sobre o Real, os preços de exportação aumentarem ou a arroba recuar.

É improvável uma desvalorização expressiva do Real e o que mais faz sentido é o repasse dos custos aos preços da exportação, já que a China tem uma relação de dependência com o produto brasileiro e consegue pagar valores mais altos. As indústrias têm cumprido com os contratos e estão ganhando tempo para tentar tornar esse negócio mais viável. O problema é que, para as vendas ficarem atrativas, o dólar teria que romper os R$ 6,00. O próximo passo está na mão da indústria: ou repassa os custos ou reduz o volume de abates. Esta última estratégia já vem sendo adotada pelos frigoríficos desde o fim do ano passado. Há paralisação e adoção de férias coletivas por várias plantas no País. Mas, mesmo com a operação interrompida, as empresas precisam lidar com custos de manutenção, o que não é algo trivial.

Dentro da porteira, o boi gordo tende a se manter firme pelo menos até maio, quando a entrada da safra de boi pode fornecer uma leve pressão. Até o momento, há uma certa estabilidade. A retração no consumo doméstico limita novas altas e a escassez de gado não abre espaço para quedas nos preços. Há um movimento estrutural de retenção de fêmeas pelos pecuaristas, que aproveitam o momento remunerador da atividade de cria de bezerros. Se houver algum afrouxamento na arroba será na transição da temporada de chuvas para a seca, o que costuma ocorrer entre abril e maio. Quando acabarem as chuvas e as pastagens secarem, o pecuarista será obrigado a tirar esses bovinos da fazenda e ofertar no mercado. Após esse período, entretanto, a perspectiva é de manutenção das cotações, especialmente no segundo semestre do ano, quando se inicia o período de entressafra. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.