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30/Mar/2021

Carnes: PSA na China favorece embarques do Brasil

A peste suína africana (PSA) voltou a preocupar a China, e o avanço da doença promete mexer com o mercado de proteínas e de grãos neste ano. No entanto, o alcance dessa alteração e o impacto da doença sobre as importações chinesas de grãos e carnes ainda são uma incógnita. Maior país produtor e consumidor mundial de carne suína, a China voltou a relatar neste mês casos da doença que matou mais de 45% do rebanho chinês de suínos entre 2018 e o começo de 2020. O ressurgimento foi nas províncias de Sichuan e Hubei, que lideram a produção interna de suínos. Os novos casos são atribuídos a uma variante mais difícil de ser diagnosticada e ao uso de vacinas não-aprovadas. Logo que o problema surgiu, em 2018, a China começou a ampliar as importações de carnes. Depois, com a paulatina recuperação do rebanho de suínos, foram as importações de grãos que ganharam ainda mais força.

Nas duas frentes o Brasil saiu ganhando, até por conta da guerra comercial entre China e Estados Unidos, que naquele momento limitou as exportações norte-americanas. Segundo o Itaú BBA, com os novos casos, o ritmo de recuperação do rebanho chinês de suínos poderá diminuir, mas não retroceder. O cenário ainda é muito bom para o Brasil. A projeção de avanço de 14,3% na produção de carne suína da China em 2021 divulgada pelo adido agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) é razoável, mas o viés é de baixa. Se a previsão se confirmar, o volume alcançará 47 milhões de toneladas. O Rabobank reduziu sua estimativa para o aumento da produção chinesa de suínos para entre 8% e 10%. Antes dos novos casos da doença, a estimativa era de alta de 12%. Entre os sinais de que o avanço será menor está a queda do número de matrizes, de 3% a 5% entre dezembro e fevereiro. Ainda assim, o atual rebanho de porcas é 10% a 15% maior que o de um ano atrás.

Aumentam, assim, as oportunidades para a exportação da proteína brasileira para a China. O Rabobank estima que o país deve importar 4,6 milhões de toneladas de carne suína neste ano. O USDA prevê 4,5 milhões de toneladas. Em 2020, foram 5,15 milhões de toneladas. Mas, se a PSA avançar, o volume poderá voltar a 5 milhões de toneladas. Para os embarques totais brasileiros, a alta deve ser de 5% em 2021. Em 2020, foram 1 milhão de toneladas. Para o Rabobank, as importações chinesas de carne suína ficarão entre 3,9 milhões e 5 milhões de toneladas neste ano, ainda bem acima da média anual de 2,5 milhões de toneladas entre 2015 e 2019. O Brasil foi o quarto maior fornecedor da China em 2020 e respondeu por 9% das importações do país, atrás de União Europeia (58%), Estados Unidos (17%) e Canadá (10%).

O JP Morgan também sinaliza que os surtos atuais de peste suína africana (PSA) podem atrasar a recomposição do rebanho suíno chinês e manter as importações elevadas. A Alemanha segue proibida de exportar para a maioria dos destinos asiáticos desde o registro, em setembro, de casos da doença em seu plantel de javalis. Nesse contexto, os preços internacionais das carnes continuarão em alta em 2021 e em 2022. A carne suína poderá subir mais, mas as carnes de frango e bovina também deverão aumentar. No início do problema na China, a carne bovina foi a que mais encareceu. Empresas como JBS e Marfrig tiveram o maior Ebitda e alta das ações de suas histórias. De outubro de 2018 a setembro de 2019, os papéis da JBS subiram 250%, os da Marfrig avançaram 124% e os da BRF, 77%. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.