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18/Mar/2021

Boi: custos são desafio aos confinadores em 2021

O cenário econômico brasileiro e o comportamento dos preços do boi magro e dos grãos nestes primeiros meses de 2021 mostram que este ano deve ser novamente desafiador a terminadores. Para buscar uma margem positiva, os pecuaristas precisam, além de avaliar com cautela o movimento dos valores dos insumos, usar de modo eficaz ferramentas de gestão de seus custos de produção. No caso de confinamentos, sistema que abateu cerca de 6,2 milhões de cabeças em 2020, de acordo com estimativas da DSM/Tortuga, o boi magro e o milho são itens de maiores custos, podendo chegar a representar de 90% a 95% dos gastos totais, dependendo da região do País. Além disso, os preços do boi magro seguem operando em patamares recordes em muitas regiões. Esse cenário é reflexo da oferta restrita de bovinos, vinda desde 2019, e das valorizações do boi gordo, que estimulam os pecuaristas a demandarem bovinos para terminação.

A média de preços do boi magro comercializado no estado de São Paulo neste mês está próxima de R$ 4.600,00 por cabeça, alta de 5% frente à do mês anterior e quase 21% acima da registrada em março do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Quanto ao milho, importante insumo utilizado na alimentação animal, atingiu, no dia 16 de março, novo recorde diário real da série histórica do Cepea. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) fechou a R$ 93,21 por saca de 60 Kg. O preço médio do milho em março está em R$ 89,70 por saca de 60 Kg, com avanços de 6,9% frente ao valor de fevereiro/2021 e de significativos 23,7% em relação ao de março do ano passado, também em termos reais. Enquanto os produtores de milho seguem com as atenções voltadas ao campo, os compradores têm dificuldade em recompor os estoques.

Vale lembrar que os preços internos do milho estão recordes mesmo com estimativas oficiais indicando possível produção também recorde na safra 2020/2021. Um fator que deve ser levado com bastante atenção pelos pecuaristas confinadores é a sazonalidade dos preços do boi magro e do milho. Tradicionalmente, os valores do boi magro se enfraquecem de setembro a fevereiro de cada ano, período em que os bois já foram confinados ou, como no caso de início de ano, ainda não foi tomada a decisão de se confinar. Tradicionalmente, as cotações do boi magro começam a subir já em março, ganhando força em abril e maio. Entretanto, os elevados valores dos insumos para alimentação neste ano podem limitar a compra de boi magro em algumas regiões e, consequentemente, enfraquecer esse possível novo movimento de alta da reposição.

O que pode trazer uma motivação extra para terminadores são os preços futuros do boi gordo na B3. No caso do milho, os valores na B3 apontam para os próximos meses acima de R$ 80,00 por saca de 60 Kg e próximo a R$ 90,00 por saca de 60 Kg. Estimativas preliminares da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a 2ª safra de milho e 2021 pode somar 82,8 milhões de toneladas, 10,3% a mais que em 2019/2020. Ressalta-se, neste caso, que o dólar elevado deve manter atrativas as exportações brasileiras do cereal, contexto que pode seguir limitando a oferta do milho no mercado spot doméstico. Simulações realizadas pelo Cepea levando-se em conta os atuais preços do boi magro, uma diária alimentar equivalente a R$ 16,31 por bovino e boi gordo futuro em outubro a R$ 322,55 por arroba mostram que a rentabilidade de pecuaristas pode ser de 11,79% no período de 90 dias. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.