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17/Mar/2021

Boi: Embrapa e a pesquisa de identificação digital

A tecnologia que chega aos produtores e à indústria é, muitas vezes, desenvolvida primeiro nos centros de pesquisa. Segundo a Embrapa Pecuária Sudeste, todos os sistemas de monitoramento de gado e de gestão do processo produtivo começam pela identificação digital do animal. Esta unidade da Embrapa já usa pecuária de precisão há alguns anos e os bovinos são identificados com um microchip, no brinco ou subcutâneo. É a identidade animal digital dele. Sem essa identificação não é possível fazer nada. É o registro do animal que permite a coleta de dados por sensores instalados nas pastagens e serve de apoio para a tomada de decisão no manejo sanitário, nutricional e reprodutivo. O bovino veste esse colar sensor e áreas de pastagem são cobertas por uma rede de sensores. Todas as vezes que o boi passa próximo de uma antena, esse sensor dispara uma informação para o receptor, que capta a informação e a partir daí é feita uma cobertura como se fosse um guarda-chuva sobre as áreas de pastagens.

Baseado nas observações dos fenômenos fisiológicos e biológicos, os pesquisadores criam padrões de referência que são comparados com os dados que chegam em tempo real dos animais. O sistema aponta convergência ou divergência de informações e, a partir disso, podem ser acionadas equipes locais para fazer determinada intervenção em um animal específico. O próximo passo é ampliar esse monitoramento, se aprofundando em uma linha de pesquisa que avalia o conforto térmico e o bem-estar animal. Isso deve se dar com o uso de outros sensores, que já foram testados de forma portátil, instalados nas pastagens e agora devem ser utilizados em drones. Mas, essa é uma parte da pesquisa que ainda está em desenvolvimento. Outro ponto que terá a atenção dos pesquisadores em 2021 é o microclima das pastagens e como ele influencia na resposta de touros jovens do ponto de vista de crescimento e entrada na reprodução.

Em uma série de categorias de animais diferentes já foi possível comprovar que a presença de árvores nas pastagens diminui muito o nível de estresse por reduzir a exposição à radiação solar. É possível verificar isso com instrumentação de precisão, o que favorece a argumentação para focar em um trabalho com mais florestas plantadas dentro de áreas de pecuária de corte ou de leite. Os drones também são instrumento de uma outra pesquisa, capitaneada pela Embrapa Informática Agropecuária há dois anos. O projeto prevê a utilização dessa tecnologia para detecção e contagem de gado em áreas extensas. A pandemia atrapalhou a construção do banco de imagens que estava sendo coletado, mas 2021 será um ano de aperfeiçoamentos finais e busca por parcerias da iniciativa privada para viabilizar essa tecnologia para o consumidor final. A primeira etapa da pesquisa foi realizada com imagens de cima das regiões, geradas por drones. O resultado foi bom, mas houve alguns problemas com o deslocamento dos bovinos.

Quando a equipe começou a testar a contagem com imagens inclinadas, o resultado foi mais assertivo. As imagens fazem a localização do gado e a partir disso é feita uma estimativa do número de bovinos que estão naquele local. Depois que os experimentos estiverem concluídos, a metodologia pode ser objeto de um novo experimento para garantir um monitoramento voltado para avaliação da saúde animal, como detecção de doenças e a prenhez de matrizes, por exemplo. Mas, o horizonte para essa aplicação é de três anos. Em Mato Grosso do Sul, a Embrapa Gado de Corte se prepara para expandir um sistema de Carne Carbono Neutro para outros biomas e construir unidades de referência tecnológica, isto é, uma réplica do sistema, no Rio de Janeiro, no Pampa Gaúcho e na própria unidade. Por enquanto, a tecnologia está sendo utilizada apenas no Cerrado, com parcerias da iniciativa privada. O sistema de produção prevê uma integração entre pecuária e floresta ou lavoura, pecuária e floresta, a fim de neutralizar a emissão de gases de efeito estufa realizada pelos animais.

O bovino emite metano para a atmosfera durante o seu processo de ruminação, mas a floresta consegue capturar carbono, o que compensa a emissão do gás pelos bovinos. É um sistema ambientalmente viável e que ainda garante uma qualidade superior da carne. Para certificar a implementação do sistema nas fazendas, foi criada a certificação Carne Carbono Neutro (CCN), cuja responsável técnica é a Embrapa, mas envolve produtor, certificadora independente e frigorífico. O produtor precisa aderir a uma plataforma de rastreabilidade conhecida como Agri Trace Animal, e lá ele tem acesso a uma lista de certificadoras credenciadas pela estatal, além de frigoríficos parceiros. No ano passado, um lote de produtos certificados chegou a ser comercializado na rede de supermercados Pão de Açúcar, de São Paulo, a partir de uma unidade de abate da Marfrig. A ideia foi tão boa que várias outras culturas estão adaptando essa tecnologia. Já está sendo utilizada no café, soja e gado de leite carbono neutro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.