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01/Mar/2021

Leite: preços ao produtor recuam no 1º bimestre

O preço do leite no campo caiu pelo segundo mês consecutivo, acumulando queda real de 6,7% neste primeiro bimestre. O preço do leite captado em janeiro e pago aos produtores em fevereiro recuou 2,2% na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), chegando a R$ 1,9889 por litro. É a primeira vez em seis meses que o preço fica abaixo do patamar de R$ 2,00 por litro. Ainda assim, o valor é 34,5% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, em termos reais, e representa um novo recorde de preço para o mês de fevereiro (descontando a inflação pelo IPCA de janeiro/2021).

A desvalorização do leite no campo se deve ao enfraquecimento da demanda por lácteos, dado o contexto de diminuição do poder de compra do brasileiro, do fim do auxílio emergencial para muitas famílias, do recente agravamento dos casos de Covid-19 e da elevação do desemprego. Diante da instabilidade do consumo, houve um esforço das indústrias em ajustar a produção para manter os estoques controlados, de modo a evitar quedas mais bruscas de preços, tanto para os derivados quanto para o produtor. No entanto, o nível de estoques vem crescendo, e, desde dezembro de 2020, observa-se a intensificação da pressão exercida pelos canais de distribuição junto às indústrias para obter preços mais baixos nas negociações de derivados.

O desempenho ruim das vendas em janeiro influenciou negativamente o pagamento ao produtor pelo leite captado naquele mês. Na média de janeiro, os preços do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo caíram 6,8% e 8,9%, respectivamente, frente ao mês anterior, enquanto os do leite em pó se mantiveram praticamente estáveis. As cotações de leite spot em Minas Gerais também recuaram, 12,3% na média de janeiro. Durante fevereiro, os derivados continuaram se desvalorizando, o que reforça a tendência de baixa para o produtor neste mês de março. Em fevereiro, houve queda de 5,4% nos preços do UHT, 8,1% para a muçarela e de 7,2% nos valores do leite em pó em São Paulo.

No caso da média mensal do spot, em Minas Gerais, o recuo foi de 0,7% frente a janeiro. Em janeiro, a captação das indústrias caiu 4,5% frente ao mês anterior, segundo o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L), puxada pela redução média de 6,5% no volume adquirido nos Estados da Região Sul do País. A expectativa de agentes do setor é de que, nos próximos meses, a oferta se reduza ainda mais em decorrência do início da entressafra. Além disso, a produção de leite deve ter impacto negativo diante das menores quantidade e qualidade das silagens neste início de ano, em decorrência de condições climáticas adversas no último trimestre de 2020.

Ademais, a valorização considerável e contínua dos grãos (principais componentes dos custos de produção da pecuária leiteira) tem comprometido a margem do produtor, prejudicando o manejo alimentar dos animais e a produção. Em janeiro, o pecuarista precisou de, em média, 41,2 litros de leite para a aquisição de 1 saca de 60 Kg de milho, 16,3% a mais que em dezembro/2020. Com isso, é importante pontuar que, mesmo diante de preços do leite em patamares considerados altos para o período do ano, a margem do produtor tem caído, o que desestimula o investimento na atividade e pode refletir em dificuldade na retomada da produção no segundo semestre. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.