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25/Fev/2021

Boi: pecuaristas temem importações do Paraguai

A redução da oferta de gado para abate no Brasil, causada pela seca acentuada em algumas regiões produtoras em 2020, levou o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sicade-MS) a pedir autorização ao Ministério da Agricultura para importar bois vivos do Paraguai. A falta de matéria-prima levou à paralisação de duas plantas no Estado e à redução de 20% na capacidade produtiva dos frigoríficos. Os pecuaristas reagiram à proposta e alertaram que, com uma eventual compra de bovinos paraguaios, ainda não permitida, o País pode acabar exposto a risco sanitário. Todas as plantas do Estado estão ociosas hoje, muitas estão abatendo apenas duas ou três vezes por semana. A demanda também é lenta. As vendas de carne caíram por causa do alto preço do boi gordo e do corte ao consumidor final. Dois frigoríficos deixaram de abater neste mês devido à falta de bois prontos.

A atividade em Mato Grosso do Sul caiu cerca de 20% em janeiro, quando foram abatidas 216 mil cabeças. A média mensal é de 260 mil unidades. Em fevereiro, o abate deve recuar entre 35% e 40%. O pedido de autorização para importar não especifica prazo ou cota. O objetivo é trazer ao menos 20 mil cabeças de gado do Paraguai. Lá, a cotação está mais baixa. O boi gordo está cotado a US$ 45,75 por arroba no Paraguai (aproximadamente R$ 249,00 por arroba). No Brasil, o boi gordo este cotado a US$ 54,45 por arroba (ou R$ 296,00 por arroba). O Paraguai tem bois disponíveis e a autorização vai beneficiar os frigoríficos da fronteira. Isso alivia a escala para todas as plantas. O rebanho bovino brasileiro, que tem mais de 220 milhões de cabeças, é o maior do mundo para fins comerciais. O País não importa gado para abate. Recentemente, foi permitida a compra de gado vivo do Uruguai, mas a importação brasileira tem se limitado a reprodutores.

O Ministério da Agricultura afirmou que a demanda do Sicade/MS está em análise pela área técnica e que a importação do Paraguai ainda não está autorizada. O tema é tratado de forma bilateral com as autoridades paraguaias. Será necessária a assinatura de um memorando de entendimentos para cooperação em matéria de saúde animal para garantir a troca de informações sanitárias entre os países e ações conjuntas em questões de vigilância nos municípios de fronteira e nos pontos de ingresso em cada país. Caso a autorização seja confirmada, valerá para qualquer empresa que cumpra os requisitos sanitários estabelecidos. A princípio, uma grande empresa do setor havia feito o pedido específico para importação. Em Mato Grosso, maior produtor de carne bovina do País, com 107 mil pecuaristas e rebanho de 30,1 milhões de cabeças, o temor é sanitário. Segundo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Brasil está há quase três décadas sem ter problemas com febre aftosa, pois há um controle rígido. É muito caro manter o status sanitário que o País possui.

Por causa de uma questão sazonal, de clima e falta de bezerros por conta do abate de fêmeas, pode não ser adequado criar problema dessa ordem. Para o Sicade-MS, Mato Grosso do Sul está bem servido na questão de fiscalização e inspeção, com barreiras sanitárias são eficazes. A importação não geraria esse risco, até porque o Paraguai vem investindo muito no combate da aftosa, afirma. O Ministério da Agricultura informa que o Paraguai é um país reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação. A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) afirmou que a redução da oferta de bois para abate é natural no começo do ano. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) não se posicionou, mas disse que se trata de um problema regional e localizado nas proximidades da região de fronteira. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.