19/Fev/2021

Assim como vem sendo verificado para o boi gordo, os preços dos bovinos de reposição também vêm registrando firme movimento de alta e renovando de forma consecutiva os recordes. Entre fevereiro/2020 e fevereiro/2021, contudo, os avanços nos valores da reposição foram mais intensos que os observados para o boi gordo. Esse contexto vem resultando em piora na relação de troca de terminadores e em consequente cenário desafiador a pecuaristas, que também se deparam com custos de insumos para alimentação em patamares recordes. Considerando-se apenas os meses de fevereiro, a atual relação de troca de arroba de boi gordo por um bezerro é a segunda pior da série do Cepea, atrás apenas da verificada em fevereiro de 2015.

Vale lembrar que, em 2015, os preços do bovino de reposição também registravam valores elevados, como reflexo do maior abate de fêmeas em 2013 e 2014, diante da crise hídrica em boa parte do Brasil. Entre 2020 e 2021, os preços recordes do bovino de reposição têm como fundamento especialmente o avanço no abate de fêmeas em 2018 e em 2019. Além disso, desde o ano passado, vem sendo verificada maior demanda de terminadores por bois de reposição para atender à aquecida procura de boi gordo para abate por parte de frigoríficos, que, por sua vez, têm o objetivo de abastecer o crescente consumo chinês pela proteína brasileira.

Na parcial de fevereiro, o preço médio do boi gordo em São Paulo é de R$ 301,44 por arroba à vista, com altas de 4,3% sobre janeiro/2021 e de expressivos 21% em relação à média de fevereiro de 2020, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de janeiro de 2021). Além disso, a atual média é recorde real da série do Cepea, iniciada em 1994. Para o bezerro, o Indicador ESALQ/BM&F (bovino nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) apresenta média de R$ 2.741,25 na parcial deste mês, altas de 4,5% frente à de janeiro/2021 e de significativos 25% em relação à de fevereiro de 2020. Igualmente, a média deste mês é recorde real dessa série de bezerro.

Diante disso, em fevereiro, foram necessárias 9,03 arrobas de boi gordo em São Paulo para a compra de 1 bezerro em Mato Grosso do Sul, contra 8,75 arrobas no mesmo mês de 2020 e 8,16 arrobas em fevereiro de 2019. Em 2015, foram necessárias 9,04 arrobas para realizar a mesma troca. Ainda se considerando apenas os meses de fevereiro, a relação de troca média da série do Cepea é de 7,53 arrobas de boi gordo por 1 bovino de reposição. Ao longo dos últimos 12 meses, a pior relação ao terminador foi registrada em dezembro, quando foram necessárias 9,36 arrobas de boi gordo em São Paulo para a compra de 1 bezerro em Mato Grosso do Sul. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.