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19/Fev/2021

Carnes estão puxando inflação global de alimentos

Há sinais de que a inflação dos alimentos que atingiu o mundo no ano passado está prestes a se agravar. A pandemia de Covid-19 derrubou as cadeias de abastecimento de alimentos, paralisando o transporte marítimo, adoecendo os trabalhadores que mantêm o mundo alimentado e, por fim, aumentando os custos dos alimentos para os consumidores. Agora, os produtores, especialmente os que criam bovinos, suínos e aves, estão sendo pressionados pelos preços mais altos do milho e da soja em sete anos. Isso aumentou os custos de alimentação de seus rebanhos em 30% ou mais. Para se manterem lucrativos, as indústrias de carnes estão aumentando os preços, o que vai repercutir nas cadeias de suprimentos e resultar em reajustes nos valores da carne bovina, suína e de frango em todo o planeta. A atual disparada nos preços dos grãos é equivalente aos aumentos registrados depois da seca de 2012 nas lavouras dos Estados Unidos, que resultaram em fortes reajustes nos valores dos alimentos de origem animal.

Agora, a carne está novamente posicionada para se tornar um impulsionador da inflação global de alimentos. As vacinas que prometem um retorno à vida normal e programas de estímulo fiscal no valor de trilhões de dólares já devem desencadear a demanda reprimida e impulsionar um aumento nos preços ao consumidor. Os mercados de títulos dos Estados Unidos e da Europa estão enviando sinais de que a inflação está de volta. As expectativas de inflação de um ano dos norte-americanos na semana passada subiram para o maior desde 2014. Os preços da ração sobem principalmente devido a fatores climáticos que reduziram o tamanho das safras mundiais de grãos. A demanda também está aumentando. A China, o maior comprador de commodities, está recolhendo quantidades recordes de suprimentos disponíveis para alimentar os seus rebanhos de suínos em expansão. Os produtores de carne dos principais países exportadores estão sentindo o impacto dos custos mais altos dos grãos.

No Brasil, maior exportador de aves, o custo da criação de frangos subiu 39% no ano passado devido ao valor alto da ração, segundo a Embrapa. Segundo o Itaú BBA, os custos voltaram a subir no mês passado em 6%. Na Europa, a lucratividade das operações de gado despencou devido à combinação de altos gastos com ração e demanda reprimida pela Covid-19. Alguns criadores de suínos menores podem ser forçados a sair do mercado, de acordo com o Rabobank. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (ONU) afirmou que os preços globais da carne em janeiro subiram pelo quarto mês consecutivo. Desde 1º de dezembro, os futuros do milho na Bolsa de Chicago aumentaram 28% e da soja, 18%. Surtos de doenças animais também podem elevar os preços da carne, com parte dos países da Europa e da Ásia registrando surtos de gripe aviária. Um vírus mortal dos suínos, a peste suína africana (PSA), ainda está se espalhando em alguns países após dizimar os rebanhos chineses, e recentemente fez com que uma empresa de suínos das Filipinas saísse do mercado.

Os preços da carne nos supermercados aumentam mais depois que os fazendeiros reduzem os seus rebanhos devido à queda nos lucros. Esse é um processo que leva tempo, o que significa que há uma defasagem entre a inflação do custo da ração e o aumento dos preços ao consumidor. Nos Estados Unidos, as operações de gado e aves já começaram a contrair devido aos poucos lucros em meio à pandemia. O rebanho suíno norte-americano caiu 0,9% em dezembro, na comparação com igual período do ano anterior, segundo dados do governo. Nos Estados Unidos, um período prolongado de estiagem está secando as pastagens e os preços dos alimentos para animais dispararam 30%. Os desafios do mercado provavelmente levarão os pecuaristas a reduzir o ritmo, de acordo coma Associação de Pecuária do Kansas. Nos próximos anos, o fornecimento deve ficar mais apertado. Fonte: Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.