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12/Jan/2021

Boi: cenário favorável à pecuária no País em 2021

A oferta de gado para abate no Brasil não deverá ser melhor em 2021 do que foi no ano passado, fator que, aliado a uma demanda firme da China pela carne brasileira, deverá continuar a oferecer sustentação à arroba no campo. Mas, com a queda, o consumo doméstico deverá seguir mais fraco, sobretudo depois do fim do auxílio emergencial do governo. É um ciclo favorável ao pecuarista, puxado principalmente pelo mercado externo. Depois de bater recorde em novembro/2020, quando superou R$ 280,00 por arroba, o Indicador Cepea/B3 para a o boi gordo fechou o ano passado a R$ 267,15 por arroba, 26,1% mais que no último dia de 2019 (R$ 206,00 por arroba).

Neste ano, o índice já acumula, em plena safra, ganhos de 4,62%. No que diz respeito à oferta, não é difícil compreender as razões que a farão continuar restrita. Com as cotações em alta, os pecuaristas vão, mais uma vez, reter as matrizes para tentar aproveitar ao máximo a boa maré de preços da arroba e do bezerro. Esse movimento do ciclo pecuário começou no quarto trimestre do de 2019. A oferta reduzida de bovinos se reflete na queda de abates. Nos nove primeiros meses de 2020, o abate de bovinos recuou 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, para 22,3 milhões de cabeças. Os dados fechados do ano deverão ser divulgados em fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além dessa oferta restrita, o suporte dos preços virá da firme demanda chinesa. O Brasil vai exportar mais e, possivelmente, produzir o mesmo volume. Assim, os preços internos devem continuar testando os limites do consumidor. No mercado doméstico, os preços alcançaram máximas no atacado em São Paulo. Os cortes do traseiro chegaram a R$ 22,00 por Kg, bem acima do recorde da última década (R$ 14,00 por Kg). Provavelmente, janeiro será bem mais frágil do ponto de vista de poder aquisitivo, e esse preço deve cair. Os preços de cortes mais caros, como o filé mignon, registraram queda de 11,35% no varejo de janeiro a novembro/2020.

Mas, acém e costela, por exemplo, subiram 16,27%, e 26,4% respectivamente. O teste de limites encontrará pelo caminho fatores como o fim do auxílio emergencial, o avanço do coronavírus e o elevado nível de desemprego: 14,6%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao terceiro trimestre de 2020. Esses componentes, juntos, agravam uma tendência que já vem de alguns anos, que é a queda no consumo de carne bovina no mercado doméstico. O consumo de carne bovina no País caiu 6,7% em 2020, para 26,79 quilos por habitante ante 2019. O Brasil chegou a 40 Kg por habitante ao ano quando PIB subiu 7%, no governo Lula. A tendência é que esse recuo no consumo doméstico persista e a média volte a patamares dos anos 1970.

Por outro lado, os pecuaristas deverão continuar com os custos de produção mais altos já vistos. Os preços de grãos como soja e milho, básicos para ração em confinamentos, bateram recordes históricos em 2020 e continuam nas alturas. Na Bolsa de Chicago, a oleaginosa superou os US$ 13,00 por bushel, enquanto milho se aproxima de US$ 5,00 por bushel. Ainda assim, o criador que faz ciclo completo vive um momento excepcional. Para quem faz recria e engorda o cenário é mais difícil, pelo alto custo dos grãos e do bezerro. Mas, usando bem o pasto, é possível ter um bom desempenho. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.