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11/Jan/2021

Boi: tendência é de preços sustentados em 2021

O mercado de carne bovina deve continuar registrando patamares altos de preços em 2021, refletindo a continuidade da restrição na oferta de boiadas prontas para o abate, além dos insumos ainda valorizados, com as fortes exportações de grãos e a manutenção das cotações do gado de reposição em níveis recordes. O maior desafio, contudo, está no repasse desses custos ao consumidor final, que tem optado por proteínas mais baratas em meio à crise econômica trazida pela pandemia do coronavírus no País, com altas taxas de desemprego e a perspectiva de retirada do auxílio emergencial. Estruturalmente, 2021 será um ano de preços altos, com o mercado ainda firme para a carne bovina. O que vai conter o aumento da carne é a diferença de preço para as proteínas concorrentes, como frango e suínos, que devem ficar mais estáveis, com a mudança nos hábitos alimentares já vista nos últimos meses, com parte do consumo sendo deslocada para a carne de frango e ovos, por exemplo.

Em janeiro, o primeiro mês do ano, costuma, sazonalmente, registrar menor demanda pela proteína bovina, com grande parte dos consumidores comendo menos em casa por causa das viagens de férias, além da incidência maior de impostos. Este início de ano ainda teremos um agravamento da situação, provocado pelo desemprego e pela suspensão do auxílio emergencial, que ajudou muito no consumo de alimentos nos últimos meses. A exportação, igualmente, tende a ceder em janeiro, conforme o mercado já vem observando desde o início de dezembro, quando a China, principal importador de carne do Brasil, começou a reduzir as compras. É que, nesta época do ano, o país busca se abastecer com antecedência para o feriado do ano novo chinês, comemorado no início de fevereiro. Como os produtos demoram cerca de 40 dias para chegar à China, as compras são concentradas em dezembro, mas em 2020 os embarques foram antecipados para novembro, já que as medidas de fiscalização sanitária por causa da Covid-19 têm atrasado a liberação dos contêineres nos terminais portuários.

No acumulado de 2021, porém, as exportações para os chineses devem subir 7% ante as projeções para 2020. Vão crescer menos que em 2020, mas ainda assim crescerão. A exportação de carne bovina para a China deverá continuar aumentando, mas de forma mais lenta. A continuidade das compras tem como base a recuperação ainda gradual do plantel de suínos chinês, dizimado pela peste suína africana. Eles vão continuar precisando substituir o consumo de carne suína, com uma lacuna persistente nos estoques para abastecer a população. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), 2020 encerrou com um novo recorde de volume e faturamento com as exportações brasileiras de carne bovina. Em 2020, as exportações cresceram 9,9% em volume. Em receita, o total foi de US$ 8,530 bilhões, 11,8% a mais do que no ano anterior. Para 2021, contudo, a associação prevê um crescimento de 6% em volume exportado, para 2,14 milhões de toneladas, enquanto o faturamento deve subir 3%, para um total de US$ 8,78 bilhões.

No Brasil, pecuaristas só não devem aproveitar mais a remuneração com os embarques de carne bovina porque os custos de produção continuarão apertando as margens de lucro em 2021, diante dos preços recordes do mercado de gado de reposição. O ritmo de valorização do bezerro e do boi magro precisa se desacelerar um pouco. A conjuntura deve manter o movimento de retenção de fêmeas iniciado ainda em 2020, fazendo com que a disponibilidade de animais terminados permaneça mais baixa. O que tende a mudar, entretanto, é o modelo de terminação de gado gordo, com 2021 podendo ter uma intensificação da atividade de confinamento, em função da estiagem vista em 2020, que pode minimizar a quantidade de capim necessária para engorda de boi a pasto. E essa preferência pela engorda nos cochos deve ocorrer mesmo com o encarecimento dos grãos, utilizados para ração animal, dada a valorização da arroba do boi gordo, que segue empolgando os produtores. A conta vai apertar um pouco mais em 2021, mas ainda vai dar margem.

O preço pago pelos frigoríficos aos animais prontos para o abate, de fato, pode continuar estimulando a produção de bovinos, sem que os custos funcionem como limitadores da atividade. O que manda não é só o custo, mas a demanda. Eles só vão produzir menos se tiverem prejuízo por falta de demanda. De janeiro a dezembro de 2020, a arroba do animal se valorizou 37,5%, passando da média de R$ 193,05 para R$ 265,44. O teto de preços foi alcançado em novembro, quando o animal chegou a valer R$ 292,00 a arroba, iniciando um movimento de reversão da trajetória de alta. Se comparar varejo, atacado e exportação, o boi gordo continuou subindo e os outros elos não conseguiram repassar. Foi aí que o cenário ficou mais nebuloso. Se comparar a média de preço anual, 2021 terá preços maiores, mas o boi gordo deverá subir menos do que o visto em 2020, porque o consumidor não suporta mais altas. O boi gordo brasileiro se tornou o mais caro do Mercosul, e está próximo do valor dos Estados Unidos, o que faz o Brasil perder competitividade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.