10/Dez/2020

O cenário de demanda externa pela carne bovina brasileira continua positivo, com possibilidade de expansão nos volumes embarcados ao exterior, especialmente para a Ásia. A perspectiva é mais desafiadora para o mercado doméstico, que recebe a maior parte da produção da indústria e tende a continuar registrando consumo abaixo do esperado em função do encarecimento do produto. O ponto de atenção é a sustentação da arroba do boi gordo em altos patamares, o que acaba pressionando a indústria, que tem dificuldade para repassar os custos aos preços da carne.

A valorização do boi gordo recorre da oferta de gado terminado ainda restrita, mas também do encarecimento dos custos de produção para os pecuaristas, com a alta dos grãos e do mercado de reposição. Nesse aspecto, a manutenção da reposição, ou seja, do boi magro, em níveis elevados representa um risco para a atividade de engorda. Com o ágio da arroba do bezerro historicamente elevado sobre a do boi gordo, o resultado final na engorda pode ser prejudicado no caso de uma descontinuidade do movimento de alta do bovino terminado.

Para o curto prazo, os preços do boi não devem registrar retração acentuada. Nesse sentido, o spread da indústria, que já tem melhorado com a recente acomodação das cotações do animal, vai depender de os preços da carne continuarem altos no mercado interno. Contudo, há uma série de incertezas quanto a isso, dado o cenário de alto desemprego e o encerramento do auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.