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04/Dez/2020

Suíno: certificado da OIE poderá favorecer o RS

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o estado do Rio Grande do Sul só terá a ganhar, em termos de competitividade, se obtiver o certificado de área livre de aftosa sem vacinação. O Estado já deixou de vacinar seus bovinos, bubalinos e suínos e espera receber em maio do ano que vem o certificado da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A China, por exemplo, que é o principal importador de carne suína do Brasil e do mundo, só compra carne com osso e miúdos de países e regiões que não vacinam mais seus plantéis. Atualmente, o Brasil exporta para o país asiático carne sem osso, com exceção do estado de Santa Catarina, que é considerado há anos área livre sem vacinação. Como efeito de comparação, basta ver que em 2019 Santa Catarina foi responsável por 55% das exportações de carne suína do País e o Rio Grande do Sul, por 22,6%. Essa grande diferença nos embarques externos entre um Estado e outro se dá justamente por causa do status sanitário de Santa Catarina.

O Paraná, outro grande produtor de carne suína e que também está pleiteando o status de área livre de febre aftosa sem vacinação participou com 15,9% das exportações no período. Sem vacinação, será possível ampliar mercados e não só o da China. O Brasil participa com apenas 1% do mercado do Japão em relação à carne suína. O Japão importa por ano 1,5 milhão de toneladas de carne suína e o Brasil envia apenas 9,5 mil toneladas. O Japão só compra de áreas livres de aftosa sem vacinação. A Coreia do Sul, que tem a mesma exigência e para onde o Brasil participou, igualmente, com somente 1% do mercado. O país compra do exterior 694 mil toneladas em 2019 e o Brasil vendeu para lá apenas 4 mil toneladas. Em fevereiro o Ministério da Agricultura enviará toda a documentação do Rio Grande do Sul para a OIE e, em maio, deve ter o reconhecimento do Estado como área livre de aftosa sem vacinação. A partir daí, será possível partir para a busca de novos mercados. Em relação ao Brasil e às perspectivas para este ano quanto à exportação de carne suína, a ABPA espera bater na marca histórica de 1 milhão de toneladas vendidas ao exterior ao fim de 2020 ante 750 mil toneladas em 2019.

Somente entre janeiro e outubro aumentamos em 40,3% as exportações, ou quase 100 mil toneladas a mais, de 608 mil de janeiro a outubro de 2019 para 853 mil toneladas de janeiro a outubro deste ano. Em faturamento, o salto foi de US$ 1,26 bilhão para US$ 1,87 bilhão. Mesmo que a China recupere seu plantel de suínos após o grave surto de peste suína africana (PSA), deve ainda precisar importar volume expressivo da proteína suína. A China terá um déficit de proteína animal de 2 milhões de toneladas em 2025, ano em que o país asiático espera já ter sanado a crise sanitária da peste suína africana. Em 2018, a China produzia 54 milhões de toneladas de carne suína; em 2019 este número, por causa da doença, caiu para 42 milhões de toneladas e, em 2020, para 38 milhões de toneladas, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A China acredita que deve voltar ao patamar de produção de 2018 em 2025.

Mas, quando ela chegar novamente aos 54 milhões de toneladas, precisará de 56 milhões de toneladas, tendo em vista o crescimento da economia em torno de 6,5% ao ano e da inserção de mais pessoas na linha de consumo. Desta forma, a projeção é de que a China precisará importar pelo menos 2,8 milhões de toneladas de carne suína. Antes da PSA, a China comprava do exterior 1,5 milhão de toneladas e agora, até outubro, já comprou 4 milhões de toneladas; até o fim do ano, deve alcançar 5 milhões de toneladas. Assim, vários dos países que produzem carne suína e exportam para a China devem continuar com mercado garantido. Salienta-se que 50% das exportações brasileiras da proteína suína vão para a China e 17% para Hong Kong. Entretanto, é bom observar que a China compra, e muito, e não só do Brasil. A China é responsável por 44% das compras globais de carne suína. Dos embarques externos do Canadá dessa commodity, 47% vão para a China. No caso das exportações dos Estados Unidos, 36%, e na União Europeia, 56%. Ou seja, o mundo inteiro vende para a Ásia, não só o Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.