27/Nov/2020
A Conferência do Agri Benchmark Beef, evento anual que reúne pesquisadores do mundo todo para comparar e discutir dados zootécnicos e econômicos da pecuária de corte de diferentes países, mostra que a pecuária de corte brasileira segue se destacando no comparativo mundial. Aqui ressalta-se que, nesta Conferência, o Brasil é representado pelo Cepea em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Mais uma vez, observa-se que as fazendas brasileiras, seja na produção de bezerros, seja na engorda dos bovinos, estão na lista das mais competitivas do mundo, com os menores custos de produção. Nesse sentido, o País reforça seu importante papel de fornecedor mundial de carne, ajudando a garantir a segurança alimentar.
De modo geral, verifica-se que a atividade pecuária nacional vem evoluindo em quatro pilares da produção: genética, pastagem, sanidade e nutrição. No entanto, fica evidente, também, que o Brasil precisa melhorar alguns indicadores zootécnicos, o que resultaria em aumento da produtividade e em consequente redução ainda maior dos custos. O relatório do Agri Benchmark Beef, que traz os resultados de 2019, mostra que 7 das 10 fazendas com os menores custos na produção de cria estão na América do Sul, sendo estas na Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai. E dentre todos os países participantes, o menor custo é verificado em uma fazenda do Cazaquistão.
Considerando-se apenas as propriedades dedicadas à cria da América do Sul, a que registra o menor custo é a da Argentina, com US$ 80,95/100 Kg de peso vivo (PV). No Brasil, a propriedade mais competitiva produz um bezerro ao custo de US$ 98,30. O País participa com dados de 6 fazendas típicas de importantes regiões pecuárias, com os custos do sistema de cria variando entre US$ 98,30 e US$ 216/100 Kg de PV. Estes menores valores estão atrelados aos custos mais baixos na produção de alimentos, baseado na pastagem, característica do Brasil, com a disponibilidade da terra. Na outra ponta, das 10 fazendas típicas com os maiores custos na produção de bezerro, nove são europeias, variando entre US$ 537,00 e US$ 2.120,00/100 Kg de PV.
Os maiores custos são verificados em fazendas típicas da Suíça, Áustria, República Checa e Alemanha. Uma fazenda da Tunísia também está entre as 10 com maiores custos, calculado em US$ 611,39. Para a engorda, o cenário não é diferente, com custos mais baixos em países sul-americanos e elevados nos europeus. Os gastos variam entre US$ 141,47 na Argentina e US$ 3.182,00 por 100 Kg de PV na Suíça. Entre as 10 fazendas típicas com os menores custos de produção, 8 estão na América do Sul (Argentina, Brasil, Colômbia e Paraguai) e 2 da África (Namíbia e África do Sul), com os valores variando entre US$ 141,47 e US$ 257,83 por 100 Kg de PV. O Brasil aparece com 2 fazendas típicas entre as 10 de menores custos, variando de US$ 211,08 a US$ 234,48/100 Kg de PV.
Já para as fazendas de maiores custos, 10 delas apresentam valores acima de US$ 800,00/100 Kg de PV, variando de US$ 841,00 na República Tcheca a US$ 3.182,00/100 Kg de PV na Suíça. Além do custo da terra, o encarecimento se deve aos gastos com silagem. Uma fazenda do Marrocos e outra da Austrália completam os países com os mais elevados custos. Na comparação dos dados de engorda, o Brasil participa com dados de 8 fazendas típicas, com os custos desse sistema variando entre US$ 211,00 e US$ 711,50/100 Kg de PV. Essa ampla diferença se deve aos distintos fatores de produção empregados em sistemas de engorda brasileiros e à região pecuária.
O que chama a atenção nas fazendas brasileiras de engorda é que há uma com o sistema a pasto (US$ 211,08/100 Kg PV) e outra com terminação em confinamento (US$ 234,48/100 Kg PV) com pouca diferença nos custos, o que evidencia a eficiência na produção de confinamentos brasileiros. Dentre todas as propriedades mundiais com engorda em confinamento representadas no Agri Benchmark, apenas 3 (Argentina, Colômbia e Namíbia) apresentam custos inferiores aos do Brasil. Já para a engorda em pastagem, somente duas fazendas, uma na Argentina e outra na Colômbia, são mais competitivas que a brasileira. Vale lembrar que o rebanho bovino na Argentina é um pouco superior a 50 milhões de cabeças, e na Colômbia, ao redor de 25 milhões de cabeças, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O rebanho brasileiro é estimado em 214,7 milhões de cabeças pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.