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19/Nov/2020

Testes de Covid na China frustram exportadores

Os principais países produtores de alimentos estão ficando cada vez mais frustrados com os testes que a China vem aplicando aos produtos importados e pedem ao governo chinês a suspensão de tais testes. Tal procedimento, segundo alguns exportadores, equivale a uma restrição comercial. A China afirma ter encontrado o vírus nas embalagens de produtos de 20 países, incluindo carne suína alemã, carne bovina brasileira e peixes indianos, mas autoridades estrangeiras dizem que a falta de evidências produzidas pelas autoridades significa que está prejudicando o comércio e a reputação dos alimentos importados sem motivo. Em uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) nos dias 5 e 6 de novembro, o Canadá chamou os testes de alimentos importados da China e a rejeição de produtos com testes de ácido nucléico positivos de restrições comerciais injustificadas e instou-o por sua interrupção. Apoiado pela Austrália, Brasil, México, Grã-Bretanha e Estados Unidos, o Canadá argumentou que a China não havia fornecido justificativa científica para as medidas.

A China apenas intensificou o rastreamento de alimentos importados desde então. Esta semana, o Global Times sugeriu que a presença do novo coronavírus em alimentos importados levantou a suspeita de o vírus, que, se acredita, teve como ponto de disseminação a cidade chinesa de Wuhan, ter vindo do exterior. A China começou a realizar testes para o vírus em alimentos resfriados e congelados importados em junho, após uma série de infecções entre trabalhadores em um mercado atacadista de alimentos na capital. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que nem os alimentos nem as embalagens são vias de transmissão conhecidas do vírus. Mas, a China, que praticamente eliminou a transmissão local da doença, diz que há risco de o vírus entrar novamente no país em produtos alimentícios. A intensificação dos testes ocorre depois de meses de crescente frustração com a maneira como as autoridades alfandegárias e de saúde têm rastreado cada vez mais as importações, processo que, reclamam os parceiros comerciais, não segue as normas globais de comércio. Sempre que uma autoridade de saúde realiza um teste e encontra algo, ela deve divulgar os resultados.

Mas, a China não tem enviado as análises de laboratório. Isso dá margem a dúvidas sobre se realmente algo foi encontrado. No dia 16 de novembro, a primeira-ministra da Nova Zelândia também questionou as descobertas da China, depois que a cidade de Jinan disse ter detectado o coronavírus na carne bovina congelada da Nova Zelândia. Ela afirmou estar confiante de que nenhum produto de carne foi exportado de seu país com o coronavírus, mas nenhum esclarecimento veio da China. Em agosto, autoridades brasileiras viajaram para a cidade de Shenzhen depois do anúncio de detecção de traços do coronavírus em asas de frango do Brasil. As autoridades não puderam fornecer informações sobre se encontraram o vírus ativo ou não, afirmou o Ministério da Agricultura do Brasil. Os Estados Unidos afirmaram, na terça-feira (17/11), que pediram à China bilateralmente e à OMC que garantisse que suas medidas avaliassem apropriadamente os riscos reais, especialmente quando restringem injustificadamente o comércio.

As mais recentes restrições da China em relação à Covid-19 sobre produtos alimentícios importados não estão baseadas na ciência e ameaçam interromper o comércio, afirmou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Em sua resposta à OMC, a China disse que suas ações eram provisórias com base científica e destinadas a proteger ao máximo a vida das pessoas. A China apontou o isolamento do coronavírus vivo em amostras de bacalhau congelado importado (algo mundialmente inédito) como prova (sem divulgar as evidências) de que o coronavírus pode ser transmitido dos alimentos para as pessoas. Falando em uma conferência de segurança alimentar neste mês, a ministra conselheira para saúde e segurança alimentar da delegação da União Europeia na China, afirmou que os exportadores necessitam de mais informações sobre os métodos de teste e resultados dos exames realizados pela China. Pare ela, os parceiros comerciais devem ser tratados com justiça. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.