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18/Nov/2020

Leite: preço ao produtor deve recuar em novembro

O preço do leite no campo deve fechar em queda em novembro, interrompendo, portanto, o movimento de alta que vem sendo verificado desde junho. A desvalorização do leite captado em outubro e recebido por produtores em novembro pode ficar entre 5% e 7% quando comparado ao mês anterior. Os valores do leite no campo obedecem a uma tendência sazonal, relacionada às disponibilidades de chuvas e pastagem. Isso significa que, tipicamente, é esperado que, no fim do ano, ocorra essa inversão da tendência. No entanto, em 2020, a retomada da produção não tem ocorrido de forma intensa, já que as condições climáticas foram menos favoráveis. Mesmo assim, nas primeira e segunda quinzenas de outubro, houve maior oferta de leite spot (negociado entre indústrias) em Minas Gerais, de modo que a média mensal caiu 16,8% frente à de setembro/2020, indo para R$ 2,23 por litro.

Mas, a redução das cotações no campo esteve mais atrelada à pressão dos canais de distribuição sobre as negociações de lácteos com as indústrias, uma vez que o consumo esteve enfraquecido, em função dos altos patamares de preços atingidos pelos derivados nos últimos meses. Como consequência, houve a diminuição dos preços médios de derivados importantes para a formação do preço ao produtor, como leite longa vida (UHT), muçarela e leite em pó em outubro. É importante destacar que, mesmo com estoques enxutos de lácteos, a valorização intensa de vários gêneros alimentícios nos últimos meses tem pesado sobre a decisão de consumo do brasileiro, o que também resulta em maior competição entre redes varejistas para atrair clientes com preços baixos.

A grande dificuldade para o setor neste final de ano está em equalizar a demanda, sensível aos elevados patamares de preços dos lácteos, com a oferta que deve seguir restrita, já que a ocorrência de La Niña deve impactar negativamente a atividade leiteira nos próximos meses. Além disso, as expressivas altas dos custos de produção nos últimos meses (atreladas, sobretudo, à valorização dos grãos) impossibilitam investimentos na atividade, além de já comprometerem as margens dos produtores, visto que ocorrem em um momento muito sensível de redução da receita. Outro agravante para a situação é a valorização da arroba nos últimos meses, que acaba estimulando o abate de fêmeas. Assim, a produção de leite pode não se recuperar no verão, como em outros anos, o que pode frear o movimento de queda no campo.

Os custos de produção da atividade leiteira subiram 3,18% entre setembro e outubro na “média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) e, no ano, até outubro, o avanço já chega a 13,24%. A valorização do concentrado continua sendo o principal impulso aos custos: em outubro, a alta foi de 6,71% e, nos 10 meses de 2020, de 26,5%. Outro insumo que também contribuiu para este cenário foi a suplementação mineral, que registrou elevações de 2,27% e de 12,24% nos preços nos comparativos mensal e anual, respectivamente. Quanto aos lácteos, depois de registrarem consecutivas altas entre maio e setembro, as cotações dos derivados lácteos recebidas pelas indústrias recuaram em outubro, devido à maior pressão dos canais de distribuição por preços mais atrativos.

As negociações mais truncadas em outubro se deram pela dificuldade da demanda em absorver a valorização dos lácteos, que atingiram patamares muito elevados nos últimos meses. Destaca-se, no entanto, que os estoques seguiram limitados, tendo em vista a baixa oferta de leite no campo, em função do menor volume de chuvas no período. Depois de cinco meses consecutivos de aumento nas importações de lácteos, em outubro, o total adquirido pelo Brasil recuou 3,5% frente ao mês anterior, com volume de 22,3 mil toneladas, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A queda nas importações esteve associada à diminuição nas compras de queijos e do soro de leite. Além disso, o dólar valorizado (média de R$ 5,63 em outubro) e os consequentes patamares elevados das cotações no mercado externo levaram importadores a reduzirem as aquisições. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.