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16/Nov/2020

Boi: alta do boi reduz as margens de frigoríficos

A safra de balanços dos frigoríficos terminou com sinais de que as contas ficarão mais apertadas para quem produz e, sobretudo, comercializa carne bovina no Brasil. Sem o benefício do câmbio favorável, que agrega margem para a operação, as vendas no mercado doméstico dão retorno negativo. Frigoríficos de médio porte, normalmente com estrutura de capital mais frágil, enfrentam dificuldades para absorver a disparada do preço do boi gordo, que bateu recorde no dia 11 de novembro. Em doze meses, o preço subiu cerca de 40%. A operação está no vermelho. Mesmo na exportação a situação não é simples. Com a recente valorização do Real, as margens na exportação caíram, embora a China permaneça como um mercado remunerador. Líder na produção brasileira de carne bovina por larga margem, a JBS sinalizou ontem que a perspectiva é desafiadora devido ao preço da matéria-prima, pois o boi gordo responde por 80% do custo de produção de um abatedouro.

No setor, a avaliação é que a oferta de gado permanecerá restrita em 2021. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a oferta de gado é menor. Os abates de bovinos com algum tipo de inspeção sanitária totalizaram 7,58 milhões de cabeças no terceiro trimestre, diminuição de 10,8% ante igual período do último ano. A JBS vê o mercado de carne bovina mais desafiador com os atuais preços do gado e a perspectiva de oferta para o ano que vem. Em comparação com as concorrentes com ações na bolsa (Marfrig e Minerva), a JBS é relativamente mais afetada pelo cenário adverso para a oferta de gado porque vende proporção maior de carne bovina no mercado interno. Marfrig e Minerva também produzem carne bovina em outros países da América do Sul que não apenas o Brasil, o que as favorece na comparação com a concorrente. Em dólares, o boi argentino, uruguaio e paraguaio é mais barato. No terceiro trimestre, a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da unidade que reúne as operações de carne bovina da JBS no Brasil foi a que mais caiu.

No período, a margem alcançou 7,5%, redução de 6,3% na comparação com a margem de 13,8% reportada no trimestre imediatamente anterior. Na operação sul-americana, a margem Ebitda da Marfrig recuou 3,4% na mesma comparação, para 10,5%. Na Minerva, diminuiu 2,6%, para 10,8%. Na comparação entre as empresas, é preciso ponderar que a unidade JBS Brasil incorpora a operação de couro e novos negócios, que podem ter impactos negativos sobre as margens. A Marfrig avaliou que o atual nível de preços do boi no Brasil é temporário. A tendência é que o mercado corrija a “distorção” existente na comparação com os demais países da América do Sul. No Brasil, o boi custa US$ 3,50 por Kg; no Uruguai, vale US$ 2,90 por Kg e, na Argentina, US$ 2,84 por Kg. O clima seco ajudou a impulsionar as cotações do gado no mercado brasileiro. No entanto, pode haver uma correção, ainda que o boi gordo permaneça em um patamar médio mais alto do que no último ano. Outro fator que pode mexer com o boi é o futuro do auxílio emergencial.

Se o pagamento acabar a partir de 2021, o preço da matéria-prima dos frigoríficos pode ceder. A avaliação está ancorada no fato de que mais de 70% da produção no Brasil é destinada ao mercado doméstico. E, por mais que a China mexa com o mercado com sua demanda explosiva, o peso interno na formação dos preços do boi gordo não pode ser ignorado. Do ponto de vista global, a pressão de margens que Marfrig e JBS sofrem no Brasil não deve alterar a tendência de resultados favoráveis. As duas empresas obtêm a maior parte do faturamento e da geração de caixa nos Estados Unidos, onde a perspectiva de margem segue positiva graças à boa oferta de gado. Segundo a JBS USA, a produção norte-americana de carne deve crescer no ano que vem e ficar estável em 2022, garantindo mais dois anos de bons retornos. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.