ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

03/Nov/2020

Carnes: alta do milho causa redução na produção

A valorização do milho, cujos indicador Esalq/BM&F atingiu o recorde histórico de R$ 81,48 por saca de 60 Kg na semana passada, deve se manter mesmo após a colheita da safra 2020/2021. A perspectiva já faz a indústria de carne reduzir a produção diante do aumento no custo para alimentar os animais. A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de produção recorde de 105,2 milhões de toneladas, 2,6% acima do que em 2019/2020. A estimativa de oferta está muito próxima ao consumo e isso confere menos espaço para os preços caírem mesmo com a entrada da safra de verão (1ª safra 2020/2021). A previsão de produção está em 27 milhões de toneladas na safra de verão, a ser colhida no início de 2021, volume considerado pequeno para uma demanda estimada em mais de 70 milhões de toneladas. A demanda interna é muito grande, e a oferta vai estar muito próxima do consumo.

Para a 2ª safra de 2021, colhida no segundo semestre, as perspectivas também são pouco animadoras. Com o atraso no plantio da soja, a janela de semeadura está cada vez menor, o que aumenta o risco climático desta temporada. Além das questões climáticas, a venda antecipada da safra 2020/2021 também deve reduzir a disponibilidade interna de grãos no próximo ano, a exemplo do que ocorreu no ciclo 2019/2020. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 54,7% da safra 2020/2021 de milho no Estado já havia sido vendida até o dia 13 de outubro, índice 30,5% superior ao registrado em igual momento do ano passado, quando a comercialização já estava 76% acima da média histórica. Mesmo com uma safra recorde de milho no ano que vem, se ela estiver praticamente toda vendida quando for colhida, não haverá tanto milho disponível. Diante das perspectivas de continuidade de preços elevados, a indústria de proteína animal tem se organizado para reduzir sua produção neste final de ano.

No setor de carne bovina, enquanto alguns frigoríficos produzem menos carne, chegando até a decretar férias coletivas, no campo os produtores de gado confinado, que dependem do milho e do farelo de soja como insumo, colocaram reduziram ou até deixaram de produzir neste ano. Confinamentos pequenos deixaram de existir e esses pecuaristas passaram a fazer em sistema parceria ou boitel (quando o pecuarista paga para manter o gado nas instalações de um segundo produtor) em confinamentos grandes. As perspectivas de oferta são cada vez menores, com queda de até 30% no confinamento este ano. Para 2021, a previsão é de redução no abate de fêmeas, bovino a pasto, que virá atrasado por conta do clima mais seco, e confinamento com maior custo de reposição. No setor de suínos e aves, a indústria se organiza para reduzir em cerca de 10% a sua produção pelos próximos dois meses para se adequar à menor oferta de milho. Se o milho continuar em alta e não for possível obter o ponto de equilíbrio, pode haver redução mais significativa e férias coletivas. Fonte: G1. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.