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30/Out/2020

Leite: preço pago ao produtor se mantém em alta

O preço do leite captado em setembro e pago ao produtor em outubro avançou por mais um mês, renovando o recorde real da série histórica do Cepea. A “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul) de outubro teve alta de 1,25%, chegando a R$ 2,1586 por litro. O valor é 53,6% maior que o registrado no mesmo mês do ano passado, em termos reais. Com isso, o preço do leite no campo registra alta real acumulada de 57,4% desde o início deste ano (os dados foram deflacionados pelo IPCA de setembro/2020). O aumento das cotações ocorreu de forma diferenciada dentre os Estados acompanhados. Enquanto em Goiás e Minas Gerais, a valorização de setembro para outubro se limitou a 0,1%, em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, as altas estiveram entre 3 e 4,5%. Na Bahia, houve forte elevação de 6,4%.

O avanço no preço do leite captado em setembro é explicado pela maior concorrência das indústrias de laticínios pela compra de matéria-prima naquele mês, já que a produção de leite seguiu limitada e abaixo das expectativas dos agentes. Ao mesmo tempo, a demanda por lácteos permaneceu elevada. Do lado da oferta, é importante ressaltar que setembro é, tradicionalmente, um mês de transição para a produção leiteira nas Região Sudeste e Centro-Oeste, devido às alterações climáticas desse período. Neste ano, o menor volume de chuvas e a elevada oscilação das temperaturas prejudicaram a retomada da atividade nessa época de transição. Na Região Sul do País, por sua vez, a produção de leite também não teve uma retomada tão intensa quanto o esperado. Também é preciso dizer que o aumento nos custos de produção, em especial por conta da forte valorização dos grãos, tem dificultado os investimentos no campo.

De acordo com o Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L), a captação das empresas aumentou 3,1% de agosto para setembro. O consumo, por outro lado, seguiu firme, ancorado nos programas de auxílio emergencial. Porém, em setembro, as negociações das indústrias com os canais de distribuição foram mais difíceis do que em meses anteriores, devido aos altos patamares de preços dos lácteos. Isso ocasionou consecutivas desvalorizações dos derivados ao longo de setembro. Mesmo assim, na média mensal, o leite UHT, o queijo muçarela e o leite em pó ainda tiveram valorizações, de 0,8%, 3,5% e 4,9%, respectivamente, frente a agosto. No caso do leite spot negociado em Minas Gerais, os valores caíram na primeira e segunda quinzenas de setembro, mas a média mensal ainda superou em 1,1% à de agosto.

O desempenho desses mercados possibilitou a sustentação do preço do leite captado em setembro e pago ao produtor em outubro. Contudo, esse cenário de valorização não deve se manter nos próximos meses. As negociações de derivados com os canais de distribuição foram mais truncadas e houve maior pressão para a redução dos preços em outubro. É importante salientar que a valorização intensa de alguns gêneros alimentícios nos últimos meses tem pesado sobre a decisão de consumo do brasileiro, o que também resulta em maior competição entre redes varejistas para atrair clientes com preços baixos. Considerando-se as médias mensais parciais de outubro, os preços de UHT, muçarela e leite em pó (400g) estiveram em R$ 3,21 por litro, R$ 27,25 por Kg e R$ 24,15 por Kg, respectivamente, recuos de 9,9%, 7,3% e 1,5% em relação a setembro/2020.

É preciso lembrar que, além da pressão da demanda, os preços no campo devem ser negativamente influenciados pela maior disponibilidade de leite e de lácteos em outubro, por conta da questão sazonal, no primeiro caso, e do aumento de importações, no segundo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram aumento de quase 63% no volume de lácteos importado no terceiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado. As compras externas de lácteos ocorrem mesmo com a relação cambial desvantajosa para tentar conter a restrição de oferta doméstica. Como consequência, já se observa queda expressiva nos preços do leite spot (negociado entre indústrias). Na média de outubro, em Minas Gerais, o spot chegou a R$ 2,23 por litro, redução de 16,8% em relação à de setembro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.