ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Out/2020

“Carne” cultivada: nutrientes vegetais agregados

Cientistas em Massachusetts (EUA) conseguiram combinar células musculares bovinas com extratos de plantas no que eles esperam produzir uma carne mais saudável, com menos agentes cancerígenos. A equipe da Tufts University encontrou sua inspiração no arroz dourado (arroz que, desde a década de 1990, foi projetado para incluir beta-caroteno). No laboratório, eles começaram a fazer o mesmo com células musculares de carne cultivadas, para ver se o componente normalmente encontrado em cenouras, abóbora, couve e damasco poderia ser adicionado à carne. Eles também tiveram sucesso com o licopeno (encontrado em tomates, melancia e grapefruit rosa) e fitoeno (encontrado em pimentas, cenouras e laranjas). A pesquisa foi publicada na edição de novembro da revista científica Metabolic Engineering.

Esses fitonutrientes oferecem valor nutritivo geral e efeitos protetores contra doenças associadas ao consumo de carne vermelha e processada e, portanto, oferecem uma prova de conceito promissora para a engenharia nutricional em carnes cultivadas. Os resultados demonstram o potencial para adequar o perfil nutricional de carnes cultivadas. As descobertas foram encorajadoras. As vacas não têm nenhum dos genes para a produção de beta-caroteno. Foram projetadas células musculares de vaca para produzir este e outros fitonutrientes, que por sua vez permitem transmitir esses benefícios nutricionais diretamente a um produto de carne em cultura de uma forma que é provavelmente inviável por meio de animais transgênicos e produção de carne convencional. Outro benefício das células modificadas foi a redução de compostos cancerígenos. Houve uma redução nos níveis de oxidação lipídica quando se cozinha um pequeno pellet dessas células quando elas expressavam e produziam este beta-caroteno.

Como a oxidação lipídica é uma das propostas mecanicistas-chave para carnes vermelhas e processadas, que relaciona-se a doenças como o câncer colorretal, há um argumento bastante convincente de que isso poderia reduzir o risco. A pesquisa surge em meio a um grande aumento na demanda por alternativas saudáveis de carne, como as produzidas por empresas como a Impossible Foods e Beyond Meat. Um relatório do mês passado pela Fortune Business Insight estimou que o mercado de substitutos de carne valerá US$ 8,6 bilhões anualmente até 2026. Especialistas alertam que, por enquanto, a carne cultivada é proibitivamente cara. Provavelmente será um desafio para a carne cultivada ter preços competitivos com carne de criação industrial logo no início. Mas, os benefícios para a saúde podem tornar o preço mais palatável. Um produto de valor agregado que fornece aos consumidores benefícios adicionais à saúde pode torná-los mais dispostos a pagar por um produto de carne cultivada. Fonte: BeefPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.