ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

05/Out/2020

Carnes: Covid acelerará automação de frigoríficos

Quanto à automação, os Estados Unidos, o Canadá e o Brasil, todos grandes produtores e exportadores de carnes, adotaram tecnologias em ritmo mais lento que locais como o Norte da Europa ou o Japão, ficando atrás de outras indústrias na automatização das operações. A concentração de surtos de Covid-19 nos frigoríficos das Américas reflete, em parte, a grande dependência do setor nas condições de trabalho “ombro a ombro”. Acelerar as mudanças rumo à automação pode resultar no aumento da segurança alimentícia e da segurança nas fábricas. Mas, planos como esse são acompanhados por custos que alguns consideram impagáveis durante períodos econômicos difíceis, e os trabalhadores temem que estejam sendo substituídos, não protegidos. Tyson Foods, Smithfield Foods, JBS e diversas outras grandes empresas do ramo têm planos de automação em andamento.

Segundo a distribuidora Cantrell Gainco, as unidades de processamento de carnes representam apenas US$ 1 bilhão das vendas anuais globais de serviços de automação, uma pequena fatia dos cerca de US$ 215 bilhões movimentados nos negócios de automação industrial. Mas, o interesse dos frigoríficos norte-americanos está aumentando. Desde que a pandemia se espalhou pela América do Norte, a Cantrell Gainco, que vende produtos de desossa de frangos da fabricante japonesa Mayekawa, recebeu o dobro de consultas em relação aos níveis normais. A Mayekawa afirmou que as vendas globais de suas partes de robô que desossam frangos devem avançar de US$ 32 milhões em 2019 para US$ 45 milhões em 2021, incluindo comercializações para as norte-americanas Tyson, Sanderson Farms e Peco Foods. No Brasil, a Frimesa, quarta maior processadora de carne suína do País, intensificou seus esforços de automação em meio ao avanço da pandemia.

Os planos apontavam para investimentos de R$ 20 milhões por ano em automação, mas agora o programa pode receber um aumento anual de 5% e sem a inclusão compras únicas de equipamentos caros, como robôs. A fábrica da Frimesa em Assis Chateaubriand, em construção no Paraná, terá cinco robôs, que custam cerca de 500 mil euros (US$ 586 mil) cada. Eles vão realizar tarefas como a abertura dos peitos dos animais, que são cortados ao meio. A Olymel, uma das maiores empresas de carnes de frango e suíno do Canadá, já possuía um plano para automação antes de a pandemia forçar o fechamento de uma planta em Quebec por mais de duas semanas. Desde então, a companhia decidiu acelerar o projeto, e deseja utilizar robôs para classificar cortes de carnes, empacotar carregamentos e empilhar caixas. A Tyson, maior vendedora de carnes dos Estados Unidos, está aumentando seus esforços de automação por causa da pandemia.

Neste verão do Hemisfério Norte, a Tyson testou em seu centro de automação no Arkansas um robô que utiliza a visão mecânica para transportar peitos de frango de uma esteira para as embalagens em bandeja que são vendidas nos mercados. Com o aumento da demanda no varejo, a Pilgrim’s Pride, na qual a JBS detém fatia majoritária, afirmou em julho que vai fazer uso da automação para dobrar a capacidade de uma unidade Minnesota para a produção de carne de frango vendida em bandejas. A fábrica sofreu um surto de Covid-19 em abril. Segundo a dinamarquesa Frontmatec, produtora de equipamentos de automação para a indústria alimentícia, os surtos de coronavírus vão acelerar a necessidade de automação, porque quanto menos gente a empresa tem, menor a probabilidade de que sofra com um desses surtos. A demanda das empresas norte-americanas tem sido particularmente forte. O aumento da automação, porém, levanta a suspeita de grupos de trabalhadores. A United Food and Commercial Workers (UFCW), que representa funcionários da Smithfield em Sioux Falls, no estado norte-americano da Dakota do Sul, onde mais de mil trabalhadores contraíram o coronavírus, afirma que a automação está tirando os trabalhos das pessoas.

A Smithfield automatizou o trabalho de dividir suínos na fábrica há alguns anos, eliminando oito vagas. Enquanto isso, a JBS USA utiliza a ameaça de substituir os trabalhadores por equipamentos automáticos como uma tática de negociação, afirma a divisão da UFCW que representa empregados da fábrica da JBS em Greeley, no Colorado. Os trabalhadores se sentem ameaçados com a automação o tempo todo. Um porta-voz da JBS disse que a alegação é “completamente mentirosa”. Embora o surto de vírus tenha ressaltado as vantagens da automação, suas consequências econômicas, por outro lado, limitaram o escopo para grandes investimentos em tecnologia. Frigoríficos fizeram pedidos de equipamentos de até US$ 400 mil à Cantrell Gainco, mas colocaram em compasso de espera projetos mais caros, diante das incertezas sobre como a pandemia afetará o fluxo de caixa e a demanda dos consumidores. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.