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28/Set/2020

Frango: projeção para produção global e brasileira

Segundo o Rabobank, dado o impacto da Covid-19 e da peste suína africana (PSA), 2020 será um dos exercícios mais disruptivos da história da avicultura. Embora na maioria dos mercados essa combinação tenha pressionado a demanda, a produção mundial de carne de frango registrará expansão mínima (menos de 1%) em relação a 2019. Metade dos 14 grandes produtores mundiais de carne de frango terá produção inferior à do ano passado. Os três maiores produtores mundiais: Estados Unidos, China e Brasil, além de Vietnã, México, Japão e Rússia são os únicos com tendência de aumento, mas em alguns casos, mínimo. Os dois países mais afetados pela PSA (China e Vietnã) é que devem registrar os maiores índices de expansão. No Vietnã, a produção tende a crescer mais de 5%.

Na China, o aumento previsto alcança os 15%. Este último resultado confirma o que já vinha sendo previsto desde o ano passado: que a PSA levaria a uma grande expansão da produção chinesa de carne de frango. Mas, o aumento de oferta vem sendo acompanhado de pressão sobre os preços. Os próximos países com maior crescimento neste ano são México, Japão e Estados Unidos, com incrementos de 2,2%, 2% e 1,5%, respectivamente. O Japão é mais uma exceção no mercado asiático, pois enquanto outros países veem sua produção retroceder, o Japão sinaliza expansão contrária ao do crescimento vegetativo da população.

E isso, curiosamente, se deve ao isolamento social imposto pela Covid-19, pois o consumo doméstico japonês se concentra no produto in natura (frango resfriado), enquanto a alimentação fora do domicílio (quase totalmente paralisada com a pandemia) é atendida sobretudo por produto congelado e importado. Os Estados Unidos e o México seguem com as indústrias em expansão. No caso norte-americano, porém, o aumento de produção vem pressionando os preços a ponto de o frango abatido ter sido negociado em agosto por valor 20% inferior ao de julho. Tal desvalorização se deve ao fato de apenas restaurantes e redes de fast-food estarem retornando à normalidade, enquanto outros setores da economia (e, por decorrência, dos serviços de alimentação) registram lenta retomada.

Nesse cenário, o Brasil surge na sexta posição, ou seja, no penúltimo lugar entre os países que devem registrar aumento de produção. Mas, existe frustração do setor com a alta de preço dos grãos no País. A expectativa era de que, com a 2ª safra de milho, tais preços se acomodassem. Porém não é isso que está acontecendo, ao contrário. E as altas tendem a prosseguir pelo menos até a chegada da nova safra, em 2021. O farelo de soja começou o ano com preços mais baixos, mas vem apresentando valorização contínua mês a mês. Com isso, os preços da ração (base: agosto) ficaram 37% mais caros que há um ano. Por outro lado, os preços do frango vivo e do abatido no atacado, pressionados ao final do primeiro trimestre, começaram a se recuperar.

Em agosto, o frango vivo atingiu níveis recordes, aumentando 18% no ano, enquanto no atacado a alta foi de 10%. As exportações para a China seguem em bom ritmo, com avanço de 29% no volume expedido em julho, no acumulado do ano. Porém, com a redução de 13% nas vendas para a Arábia Saudita e de 2% para o Japão, as exportações totais no mesmo período são apenas 0,4% maiores, com o mercado chinês representando 17% das vendas. O feriado chinês da Golden Week, no início de outubro (uma semana de férias), deve sustentar os embarques direcionados à China em setembro corrente.

No trimestre final de 2020, a rentabilidade do setor brasileiro estará diretamente atrelada às estratégias de gestão visando à redução dos custos, sobretudo os das rações. Sob esse aspecto, os grandes players estão mais tranquilos, pois já antecipavam a valorização nos preços das matérias-primas. Ao contrário dos produtores independentes, focados no mercado interno e mais expostos aos preços atuais. Por fim, a recente confirmação da prorrogação do pacote de ajuda financeira do governo à população (auxílio emergencial), mesmo em valor inferior, não deve levar a quedas significativas no consumo interno. Assim, está mantida a projeção de aumento de 0,5% na produção brasileira de 2020. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.