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25/Set/2020

Boi: frigoríficos estão ampliando controle do gado

Sob pressão de investidores e ONGs, grandes empresas de carne do Brasil estão lançando programas para ampliar o controle do gado que compram das fazendas da Amazônia. JBS, Marfrig e Minerva anunciaram projetos que vão tentar rastrear, desde o nascimento, todos os bovinos adquiridos para evitar comprar produtos que tenham origem em áreas desmatadas. No caso dos grandes frigoríficos, a maior dificuldade está em garantir a origem do gado dos fornecedores indiretos, ou seja, aqueles que venderam o bezerro ou o boi magro para o fornecedor direto, que comercializa o bovino pronto para o abate. Os frigoríficos estão cientes de que a compra de gado que, em qualquer momento, tenha sido criado em áreas desmatadas pode afetar a imagem do setor e afugentar investidores e afetar o acesso a crédito. É de olho nesse perigo que essas iniciativas estão sendo criadas.

A JBS, uma das maiores empresas do setor de carnes no mundo, lançou o programa Juntos pela Amazônia, que prevê, entre outras iniciativas, o uso da tecnologia Blockchain (a mesma da negociação de criptomoedas) para criar um grande banco de dados de todos os seus fornecedores, diretos e indiretos. Isso permitirá 100% do controle da cadeia de fornecedores até 2025. Na semana passada, outra gigante do setor, a Marfrig, havia anunciado iniciativa semelhante. Em outubro, deve entrar em funcionamento uma ferramenta que cruza dados de satélites para localizar a origem e a movimentação de todo o gado abatido pela empresa, de fornecedores diretos e indiretos. Esse trabalho incluirá fazendas de cria (que produzem bezerros), de recria (que adquirem os bezerros e os mantêm até ele virar boi magro) e de engorda (que vendem o gado para o abate).

Mapas de risco já existem, mas a grande novidade é justamente localizar a fase mais crítica da pecuária (cria e recria), para que seja possível ser mais assertivo e fazer as ações voltadas a esta etapa da cadeia produtiva. Já o Minerva iniciou testes com o Visipec, ferramenta criada pela ONG National Wildlife Federation (NWF) e pela Universidade de Wisconsin-Madison. Os criadores do Visipec desenvolveram um software de avaliação que se baseia nas emissões de GTAs (guia de trânsito animal, documento exigido no transporte de animais) e em suas ligações. Por trás dessas iniciativas está a pressão cada vez maior de investidores nacionais e estrangeiros pela preservação da Amazônia, que, aliás, já afetou a JBS.

Em julho, o grupo finlandês Nordea anunciou a exclusão do grupo brasileiro de todos os fundos que administra. Um dos argumentos foi exatamente o risco de desmatamento na cadeia de fornecedores. Os problemas ambientais da cadeia da carne na Amazônia estão no radar dos bancos brasileiros. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander lançaram um plano conjunto para discutir um plano de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. E deixaram claro que a questão seria crucial na liberação de crédito. Os bancos anunciaram que não irão financiar as empresas dessa cadeia que estiverem nessas condições. Será elaborado um plano para desestimular o consumo de gado criado em área ilegal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.