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18/Set/2020

Leite: preços ao produtor devem renovar recorde

Desde o início de 2020, o preço do leite no campo apresenta alta acumulada real de 42,5% na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Esse avanço foi acentuado nos últimos três meses, quando os valores subiram 39,7% e a cotação do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto chegou ao recorde de R$ 1,9426 por litro na “Média Brasil” líquida (dados deflacionados pelo IPCA de agosto/2020). A expectativa é de que o preço do leite captado em agosto e pago em setembro possa subir em torno de 10%, estabelecendo, portanto, um novo recorde real. O aumento das cotações ao produtor entre março e agosto é um fato sazonal, já que a captação de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens, em decorrência da diminuição das chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Mas, neste ano, a situação foi agravada, por três fatores principais: pelas condições climáticas mais severas, que impactaram a retomada da produção leiteira (com destaque para a estiagem na Região Sul do País); pelo aumento nos custos de produção em relação ao ano anterior (o que tem dificultado os investimentos na produção); e pela redução considerável dos estoques de derivados lácteos, o que está atrelado à recuperação do consumo, ancorado nos programas de auxílio emergencial. Há, também, que se destacar que, no primeiro semestre, o volume de importações de lácteos foi enxuto, devido à desvalorização do Real frente a moedas estrangerias, o que contribuiu para a demanda superar a oferta e para a concorrência acirrada das indústrias de laticínios na compra de matéria-prima.

O preço do leite captado em agosto e pago em setembro deve continuar sendo influenciado por esses fatores, à medida que os preços do spot e dos derivados também se elevarem. Entre a primeira e a segunda quinzenas do mês, houve alta acumulada de 15% nos valores do leite spot (comercializado entre indústrias) em Minas Gerais. O preço médio de agosto aumentou 12,2% em relação a julho, com a média a R$ 2,66 por litro. A menor oferta de leite e os baixos estoques dos derivados lácteos também impulsionaram os preços médios da muçarela e do leite em pó, que atingiram novos recordes da série histórica do Cepea. No entanto, o movimento de alta no campo deve perder força nos próximos meses.

Isso porque o final da entressafra se aproxima com o início da primavera e com condições climáticas mais favoráveis para a produção leiteira. Além disso, a indústria tem aumentado as importações de lácteos, visando diminuir a disputa pela compra de matéria-prima. Como consequência, o preço médio do leite spot em Minas Gerais na primeira quinzena de setembro se elevou apenas 0,2%. Na segunda quinzena, recuou 5,5%, chegando a R$ 2,61 por litro. Além disso, o acompanhamento diário das negociações de derivados durante a primeira quinzena de setembro indicou desaceleração dos preços. Assim, existe uma tendência de estabilidade ou queda para o preço do leite captado em setembro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.