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16/Set/2020

Carnes: mudança nos hábitos de consumo na China

Segundo o Rabobank, a redução da oferta de carne suína na China, após surtos de peste suína africana (PSA) terem reduzido significativamente o plantel do país, pode criar novas oportunidades para outras proteínas animais. O mercado chinês de proteína animal vem registrando grande volatilidade nos últimos anos, com a peste suína africana, a pandemia de Covid-19 e mudanças nos canais de distribuição. Isso está remodelando não apenas o lado da oferta, mas também a forma como os consumidores comportam-se. Algumas dessas mudanças continuarão tendo impacto no longo prazo. Entre as principais proteínas animais, o consumo de carne suína foi o mais afetado nos últimos anos, por causa dos surtos de peste suína africana. A demanda vai continuar reagindo aos preços, tendo em vista que estes devem continuar voláteis. A carne de frango vem enfrentando desafios relacionados a mudanças na cadeia de suprimento, mas que o consumo deve aumentar puxado por lojas de conveniência e pela maior demanda por refeições prontas.

O frango é a proteína preferida para refeições prontas, devido ao seu baixo custo e facilidade de manuseio em comparação com outras carnes. É destaque o rápido crescimento das lojas de conveniência em relação a outros formatos de varejo. A carne bovina, que antes era consumida principalmente em restaurantes, está tendo maior penetração nas residências na China, o que pode abrir novas oportunidades de crescimento. Em 2019, quando os preços de carne suína dispararam, a relação entre os preços de carne bovina e suína caiu para 1,2, ante uma faixa entre 1,5 e 2,0 anteriormente. Isso fez com que os preços de carne bovina parecessem mais acessíveis do que antes. Os consumidores chineses se adaptaram rapidamente à redução da oferta de carne suína. A oferta diminuiu 20% em 2019 e deve cair entre 15% e 20% em 2020. Apesar de fortes importações, a queda da oferta foi tão grande que o consumo per capita passou de 40 Kg, em 2018, para 32,6 Kg em 2019. Em 2020, deve cair para 28 Kg, voltando ao nível de 1997.

Como consequência, o consumo total de carne também deve cair, de 64 Kg em 2018 para 58,8 Kg em 2019 e 54 Kg em 2020, nível próximo do registrado em 2008. No entanto, o consumo de carne ovina e de frango deve crescer, de 3,5 Kg e 14,4 Kg em 2018 para 3,8 Kg e 17,2 Kg em 2020, respectivamente. O consumo de carne bovina deve passar de 6,9 Kg em 2018 para 6,1 Kg em 2020. O principal motivo para essa rápida adaptação é o fato de proteínas animais não serem tão essenciais quanto grãos na dieta da maior parte dos consumidores chineses. Nos próximos dois anos, principalmente em 2021, os preços de carne suína no varejo vão estar próximos ou acima de 40 yuans/Kg, o que deve manter o consumo baixo e criar oportunidades para outros tipos de carne. No entanto, a janela de oportunidade para outras proteínas vai diminuir conforme a produção de carne suína for se recuperando. As oportunidades para outras carnes vão depender de sua capacidade de aumentar a base de consumidores e estabelecer novos hábitos alimentares durante essa janela. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.