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16/Set/2020

Leite: preço deve recuar com o fim da entressafra

O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou um aumento do preço leite longa vida de 22,99% no acumulado no ano. Ao lado do arroz (19,25%) e do óleo de soja (18,63%), o leite foi um dos produtos que mais pesaram no item “Alimentação e Bebidas”, do IPCA. Segundo a Embrapa Gado de Leite, essa alta é normal e se deve, principalmente, ao período de entressafra, que começou em abril, com a diminuição das chuvas no Centro-Sul, e vai até final de setembro/início de outubro em boa parte do País. Todos os derivados lácteos tiveram aumento de preços no atacado no período devido à baixa oferta de leite que, no último trimestre, ficou 3% menor do que no mesmo período do ano passado.

O queijo muçarela, por exemplo, foi um dos derivados lácteos com a alta mais expressiva e está sendo vendida no atacado a R$ 29,64 por Kg. O leite UHT, que iniciou agosto na faixa dos R$ 3,20 por litro, está próximo de R$ 3,60 por litro no atacado em São Paulo. A oferta em baixa e demanda em alta ditam os preços elevados. Além da entressafra, o aumento do consumo é outro responsável pela elevação dos preços. O auxílio emergencial concedido pelo governo federal fez com que a faixa mais pobre da sociedade passasse a consumir mais, aumentando o desequilíbrio entre oferta e demanda, sustentando os preços em patamar mais elevado. Neste mês, a Região Sul do País atinge o pico de safra de leite, com a elevação das temperaturas e o aumento das chuvas.

Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, a retomada costuma ocorrer mais tarde e a produção atinge o pico apenas em dezembro. No entanto, há preocupação com o clima. Os mapas climáticos têm mostrado que as chuvas podem atrasar um pouco neste ano, ocorrendo só em meados de outubro. Isso teria como consequência o atraso na recuperação das pastagens e a ampliação do período da entressafra para a região central do Brasil (Sudeste e Centro-Oeste). A entressafra é, geralmente, um período positivo para o produtor em termos de preços do leite, quando ele pode aumentar sua margem de lucro, apesar dos desafios produtivos. Com o crescimento da demanda neste ano, a situação está um pouco mais favorável ao produtor. Em setembro, referente ao leite entregue em agosto, os produtores estão recebendo em média R$ 0,20 a mais pelo litro de leite em relação ao mês passado.

Alguns laticínios chegam a pagar R$ 0,25 por litro a mais. A média do preço do leite ao produtor, com bonificação por qualidade, foi de R$ 1,94 por litro em agosto. Porém, o aumento no custo de produção tem preocupado os produtores de leite. Agosto foi terceiro mês consecutivo de alta do milho e o cereal está 51% acima de agosto do ano passado. No farelo de soja, a valorização foi de 47%nos preços. No período de entressafra, o milho e o farelo de soja são os produtos mais demandados pelas propriedades leiteiras, juntamente com o alimento volumoso. Para os próximos meses, o cenário macroeconômico causa expectativa e preocupações. O corte pela metade do auxílio emergencial, o aumento do desemprego e consequente queda da renda terão impactos negativos no mercado, gerando um ambiente de volatilidade e insegurança. Fonte: Embrapa Gado de Leite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.