ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Set/2020

“Carne vegetal”: empresas atraindo investidores

Há cerca de um ano, uma nova categoria de produtos chegou aos supermercados: hambúrgueres que imitam carne, mas são feitos à base de vegetais, maionese sem ovos ou "leite", com ingredientes como chicória e abacaxi. Gestado por startups que misturam algoritmos com engenharia de alimentos, o mercado plant-based ("à base de vegetais") pode ainda não ser a primeira opção à mesa do brasileiro, mas dá água na boca de investidores, que assinam cheques milionários de olho no potencial do setor. Hoje, mais um aporte vem à tona: uma rodada de US$ 85 milhões na chilena NotCo, presente no Brasil desde abril de 2019. Liderado pelos fundos L-Catterton (ligado ao grupo LVMH, de marcas como Louis Vuitton) e Future Positive, do cofundador do Twitter, o aporte reforça uma onda no setor. Na quarentena, as startups "vegetais" cresceram por uma combinação de fatores.

Entre eles, mudanças de comportamento como o hábito de cozinhar em casa, a busca por alimentos saudáveis, além da preocupação (ética ou sustentável) com a cadeia de produtos de origem animal. É um movimento de antes da pandemia, mas que se intensificou a favor do plant-based. o mercado só deve crescer: relatório da consultoria CB Insights aponta que a categoria deve movimentar US$ 2,7 trilhões globalmente em 2040. Além da NotCo, outro investimento no setor chama a atenção: o aporte de R$ 115 milhões na Fazenda Futuro, liderado pelo BTG Pactual na última semana. Com o aporte, a NotCo pretende acelerar sua expansão no País. A expectativa é de que o Brasil seja seu maior mercado até o fim de 2021. Para isso acontecer, a empresa aposta na expansão para as Regiões Norte e Nordeste e em contratações. Até dezembro, pretende ter 60 pessoas em seu time no País (começou o ano com 20). No mundo, o total deve saltar de 200 para 300 funcionários.

A estratégia inclui ainda um portfólio de produtos variado, além de hambúrguer, há maionese, leite e sorvete e um restaurante próprio, o WhyNot. Aberto só para delivery em São Paulo, o WhyNot foi criado quando a empresa percebeu que, na quarentena, não podia mais contar com a experimentação dos produtos em mercados. No primeiro mês, as vendas superaram quatro vezes o esperado. Agora, faz mais sentido ter WhyNots em outras cidades. O novo investimento na NotCo tem ainda uma última função: preparar a empresa para o mercado norte-americano, em 2021. Para empresas de consumo, é um caminho de amadurecimento ir para os Estados Unidos. Quem também ensaia chegar aos Estados Unidos é a Fazenda Futuro. A empresa já está na Europa e vai entrar nos Estados Unidos como Future Farm até o fim do ano. A disputa com pioneiras do plant-based, como Impossible Foods e Beyond Meat, não intimida.

A previsão é chegar com produto 30% mais barato nos Estados Unidos porque o Brasil produz muitos vegetais, tem fabricação própria e o câmbio está a favor. Os recursos do aporte também serão usados para a evolução do principal produto da empresa. O objetivo é o consumidor não perceber mais a diferença entre carne vegetal e animal. Quem também disputa espaço no mercado da carne vegetal é a New Butchers, que recebeu em julho um aporte de investidores-anjo. Os recursos ajudarão a empresa a quadruplicar, até o fim do ano, sua capacidade de produção. Hoje, a capacidade é de 20 toneladas de carne vegetal por mês. A New Butchers também aposta em novos produtos: foi a primeira brasileira a lançar uma imitação de frango e, nesta semana, estreou a versão de salmão, à base de ervilhas. Uma bandeja com dois filés, somando 180 gramas, sai por R$ 25,00.

A semelhança quanto aos produtos de origem animal é, ao mesmo tempo, trunfo e desafio das startups plant-based. De um lado, imitar carne pode ajudar a converter o consumidor que não pretende virar vegetariano, mas almeja reduzir o consumo de proteína animal. Mas, a diferença ainda bastante perceptível pode trazer rejeição. No último ano, a evolução foi grande, mas a reação do consumidor é de que o produto ainda não é igual à carne. Talvez não chegue tão cedo a ser igual. O Insper vê outro empecilho no preço. A maioria dos produtos de substituição ainda é mais cara que o produto normal. É um desafio de escala e tributação. As atualizações também podem servir como um fator de contínua redescoberta. O mercado plant-based ainda não tem produtos finais. Ele avança ao mesmo tempo que os produtos são desenvolvidos, com o hábito do consumidor. É questão de tempo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.