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08/Set/2020

Boi: carne mais lucrativa que frango na pandemia

O frango barato deveria ser a escolha das proteínas na pandemia. Mas os fornecedores com maior foco em carne bovina estão superando aqueles que dependem mais de aves. Os produtores de frango dos Estados Unidos e do Brasil têm lutado em meio ao excesso de oferta, preços fracos e consumo lento, com analistas dizendo que um corte na produção pode ser necessário para sustentar os preços e defender as margens. Os fornecedores de carne bovina se beneficiaram de preços e demanda comparativamente mais fortes. Nos Estados Unidos, a produção de carne se recuperou das interrupções causadas por vírus, o que significa que os suprimentos estão superando a demanda em meio às vendas de serviços alimentícios ainda fracas. Com a produção de carne bovina de volta ao normal, a carne vermelha deve competir com o frango nas vendas em supermercados.

Segundo o Bank of America, os recursos de varejo para carne bovina devem aumentar neste outono. Enquanto isso, os preços do frango estão muito baixos e a demanda muito fraca para justificar anúncios que podem ajudar a gerar vendas. A Sanderson Farms Inc., o terceiro maior produtor de frango dos Estados Unidos, estimou que sua produção total no quarto trimestre do ano fiscal de 2020 cairá 5% em relação ao ano anterior. A previsão é de menor demanda durante a temporada de férias para todos os produtos. No maior exportador de frango do Brasil, a produção mais baixa ou os preços mais altos podem ser inevitáveis para cobrir um forte aumento nos custos de ração, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Os preços locais do milho e do farelo de soja estão em máximas históricas em meio à forte demanda e à desvalorização da moeda local, o que aumenta o apelo às exportações. O preço do milho deve ficar em alta em meio à oferta apertada neste ano.

O governo está considerando isentar as importações de tarifas para reduzir os custos. 80% do custo de produção das aves vem da ração no País. As empresas avícolas brasileiras enfrentam fraquezas tanto nas exportações quanto nas vendas locais. Compradores tradicionais como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos reduziram substancialmente as importações neste ano. Os preços de exportação em agosto caíram 20% em relação ao ano anterior. A China é a exceção, com as exportações do Brasil para o país asiático crescendo 28% neste ano. Mas, a China representa apenas 17% das exportações brasileiras de frango. No caso da carne bovina, o cenário é diferente, com embarques batendo recordes este ano por conta da China, que responde por quase 60% das exportações brasileiras.

Enquanto a queda do Real aumenta as receitas de exportação em moeda local, isso não tem sido suficiente para compensar os custos mais altos, comprimindo as margens dos exportadores desde maio, segundo o Itaú BBA. Em agosto, as margens da produção de frango foram negativas em 5%. O mercado local não tem ajudado, com consumo estável apesar dos preços mais baixos. O desconto do frango na carne bovina nunca foi tão grande. Embora a demanda por serviços de alimentação esteja mostrando alguns sinais verdes, as vendas dos restaurantes ainda estão baixas e as escolas permaneceram fechadas. O setor de frango do Brasil está em uma encruzilhada, com os produtores aumentando a produção em meio a uma fraca demanda de exportação e custos crescentes. Os produtores precisam de menor oferta para elevar os preços e retornar à lucratividade. Fonte: Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.