17/Ago/2020
A negociação no mercado físico do boi gordo está em ritmo mais lento, já que a indústria conseguiu alongar um pouco a escala de abates e, além disso, há possibilidade de nesta segunda quinzena do mês a demanda interna por carne bovina se arrefecer. Por isso, os frigoríficos evitam formar estoques, comprando boiadas pontualmente. Outro fato que ainda não afetou, mas pode afetar, as exportações de carnes em geral do Brasil foi a notícia de que a China encontrou, ontem, lotes de carne de frango brasileira contaminados por coronavírus. Embora o Ministério da Agricultura não tenha sido notificado oficialmente pelo governo chinês, o mercado deve continuar atento aos desdobramentos da situação e ao risco de embargos de plantas brasileiras para o gigante asiático. Mesmo com demanda mais fraca, o boi gordo mantém os preços firmes, sob o risco de oscilar um pouco apenas no fim do mês, quando os bovinos de confinamento começarão a entrar mais fortemente no mercado.
De todo modo, os preços não devem ceder muito, já que o cenário é de oferta global restrita e demanda aquecida para exportação. Já é possível observar a entrada de bois a termo (negociados antecipadamente com frigoríficos) na linha de abate, provenientes de confinamento. O mercado doméstico continua funcionando de forma muito cautelosa, com correção praticamente diária nos preços do boi gordo. O movimento é de retenção na oferta, com a redução no abate de matrizes e o período de entressafra até a entrada do gado confinado no mercado. Por outro lado, o cenário é de continuidade da boa performance do atacado, com a volta gradual do segmento de food service. Em volume, esse segmento não é muito expressivo, mas a retomada deve auxiliar na formação de preços e garantir a rentabilidade.
O mercado externo também está cauteloso, embora o dólar continue favorável e esteja sendo observado um retorno das compras da China e dos países europeus após a pandemia do coronavírus. Nas regiões pecuárias do País, os seguem firmes. Em São Paulo, o boi gordo está cotado a R$ 229,00 por arroba a prazo. Em Tocantins, o boi gordo está cotado a entre R$ 214,50 e R$ 219,50 por arroba à vista. No Estado, a oferta de boiadas é baixa e as escalas de abate estão curtas. Em Mato Grosso, a cotação é de R$ 205,00 por arroba a prazo. Esse patamar de preço animou os pecuaristas a entregarem mais boiadas e assim os frigoríficos começam a alongar escalas. Em São Paulo, no atacado, as vendas continuam aquecidas. A carcaça casada de vaca está cotada a R$ 14,30 por Kg. Além da maior dinâmica de vendas ao longo de agosto, o avanço da cotação tem suporte na menor oferta dos cortes que, por sua vez, se deve à dificuldade das indústrias em avançar com escalas de abate de fêmeas. O traseiro do boi está cotado a R$ 16,10 por Kg e o dianteiro, a R$ 13,60 por Kg.