14/Ago/2020

A indústria frigorífica continua fazendo ajustes positivos de preços para conseguir adquirir bois gordos no mercado físico. Em razão da restrição de oferta de bovinos terminados, os preços do boi gordo seguem firmes nas regiões pecuárias do País. Em compensação, a indústria conseguiu alongar escalas para pelo menos sete dias úteis. Alguns players do mercado começam a sinalizar a entrada de bois de confinamento na linha de produção, o que não significa, porém, que as cotações devam recuar, já que o mercado interno se recupera e as exportações estão em ritmo forte.

Além disso, a cotação de bovinos confinados é balizada pelo indicador Cepea/Esalq, que tem batido recorde de preços. Os embarques externos seguem aquecidos principalmente para a China, mas as exportações da proteína brasileira para países do Mercosul deram um salto neste ano. O Uruguai já gastou US$ 52,26 milhões neste primeiro semestre com compras de carne bovina no Brasil, o maior valor da história. A balança comercial da carne bovina com o Uruguai, que historicamente sempre foi negativa para o Brasil, 'virou', e no primeiro semestre deste ano, o Brasil teve um saldo positivo de US$ 37,4 milhões.

O fenômeno ocorre porque, assim como o Brasil, Uruguai e Argentina, que produzem carnes de melhor padrão do que o Brasil, têm aproveitado a voracidade da China nas compras da proteína e vendido para lá sua produção. Assim, para abastecer seu mercado interno compram a carne brasileira, mais barata. Em São Paulo, o boi comum está cotado entre R$ 220,00 e R$ 225,00 por arroba à vista e a R$ 229,00 por arroba a prazo. Os bovinos que atendem o padrão exportação estão cotados entre R$ 225,00 e R$ 230,00 por arroba e a tendência é altista. Em Mato Grosso, a cotação é de R$ 202,00 por arroba a prazo. Em Tocantins, o boi gordo está cotado a R$ 222,00 por arroba a prazo, e em Rondônia, a R$ 205,00 por arroba à vista.

Em São Paulo, no atacado, embora a demanda tenha aumentado, os preços se mantêm estáveis. A carcaça casada do boi está cotada a R$ 14,80 por Kg. Segundo a Marfrig Global Foods, o mercado deve observar um equilíbrio entre oferta e demanda no segundo semestre, decorrente da recuperação do consumo internacional, com a retomada das compras por países europeus e pela China, após a pandemia do coronavírus. As perspectivas para o médio prazo são favoráveis. Todos os fatores de compra e venda estão se equilibrando e o dólar também continua beneficiando as exportações.