ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

11/Ago/2020

Boi: Uruguai é exemplo em rastreabilidade no setor

O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) do Uruguai pensa em realizar alguns testes com novos dispositivos de controle eletrônico por satélite, que possam ser aplicados na pecuária, aumentando a rastreabilidade obrigatória, para ver seus benefícios e como funcionam em nível de campo. A informação foi confirmada pelo Sistema Nacional de Identificação Pecuária (SNIG). No âmbito do Congresso Anual da Federação Rural, as diferentes Sociedades Federadas destacaram entre as apresentações a necessidade de aproveitar melhor a rastreabilidade e incorporar, no futuro, novas tecnologias que proporcionem outras possibilidades ao produtor. A verdade é que para incorporar novas tecnologias, ainda que com custos mais elevados, é preciso resolver problemas básicos, como a conectividade. Os identificadores eletrônicos que garantem a rastreabilidade que existe hoje são o que dá maior segurança a um custo mínimo. Os aparelhos usados hoje têm um custo muito econômico que o Estado está pagando. Daqui para frente, haverá outro tipo de tecnologia, com outros benefícios.

A segurança pode ser aumentada com os identificadores que hoje se utilizam e com uma maior pressão dos comandos. O controle é muito relevante. A própria rastreabilidade é baseada em um sistema de controles rígidos. Deve haver uma boa regulamentação, um bom controle e um bom sistema de extensão aos produtores que o administram. Esses são os principais pilares do sistema e isso o SNIG tem. Sobre as novas tecnologias, estão sendo realizadas reuniões permanentes para análise de novos dispositivos que estão surgindo. Em alguns casos, exigirá uma mudança de regulamentação e tecnologia. Se for revisado o Decreto nº 300/019, que marca o tipo de aparelho eletrônico a ser utilizado, fala-se em RFID (o brinco visual será colocado na orelha esquerda do bovino e o aparelho RFID, se externo, na orelha direita). A tecnologia teria que ser trocada, o que não significa que, paralelamente, os produtores que quiserem ter algum outro tipo de tecnologia também possam utilizá-la, desde que não seja incompatível.

O Uruguai é o único país do mundo que possui rastreabilidade obrigatória em todo o seu rebanho bovino. Como todo sistema, é perfectível, mas hoje é observado por outros países que querem adaptá-lo às suas realidades e abriu muitas portas para a pecuária uruguaia, inclusive comercialmente. A rastreabilidade é uma ferramenta para agregar gradativamente outras informações que auxiliem ou facilitem uma melhor tomada de decisão. A meta das autoridades é, futuramente, aumentar a intensidade do trabalho nas questões de saúde e qualidade da carne, aproveitando todas as informações geradas pelo sistema. Abre-se a possibilidade de confrontar as informações geradas pelo SNIG com as quais surgem através do Sistema de Cajas Negras instalado nos frigoríficos. Dessa forma, será possível ter informações muito mais avançadas que favorecerão uma melhor tomada de decisão, mas, ao mesmo tempo, o uso desses dados deve se transformar em uma ferramenta para desenvolver políticas públicas com certa precisão.

Hoje, opera-se com um sistema que está relacionado ao Sistema de Informação Geográfica, é possível saber a carga real, como se comporta uma determinada região do país, que outra atividade pode ser desenvolvida, para onde se movimentam mais bezerros, onde está o bezerro, para onde existem mais raças com determinadas características. É possível ir muito mais longe com informações precisas. O objetivo das autoridades é dar mais velocidade à análise dos dados que estão sendo gerados. Sem ignorar o grande avanço na qualidade da carne que o Uruguai alcançou, pode-se avançar mais aproveitando melhor a informação que se gera a cada ano através do portal SNIG. Nos últimos 12 anos houve um crescimento significativo do Angus, seguindo uma tendência mundial e paralelamente o Hereford continua crescendo. Ambos são a base da produção de carne uruguaia, com qualidade assegurada pela genética de raças britânicas, que por sua vez, se espalha para o rebanho em geral por meio de cruzamentos. Isso gera homogeneidade e alta qualidade do produto que o mundo reconhece e, em alguns casos, paga mais.

O teto do registro dos bezerros Angus e Hereford ainda não foi atingido. O país tem feito grandes avanços na qualidade da carne. Como exemplo, pode-se citar o gado destinado à cota 481, a cota de alta qualidade para gado terminado com grãos nos últimos 100 dias anteriores ao abate. A cota tinha outro número (cota 461), que foi travada em videoconferência com autoridades da União Europeia. Tudo foi resolvido graças à rastreabilidade. Os produtores devem lembrar quanto valia o gado quando terminaram os surtos de febre aftosa (2001) e quando o setor se comprometeu a ter um sistema de rastreabilidade em 2004, foi decidido que essa rastreabilidade era o futuro, porque as auditorias que vinham de fora eram extremamente difíceis. Naquela época, o Uruguai mostrou seu sistema de marcas que hoje garante a propriedade, mas não garante a rastreabilidade. Tudo o que evoluiu o sistema de 2003 até agora tem uma cota de preços separada. Há uma evolução importante de preços. A rastreabilidade tornava o gado valioso. Por sua vez, os mercados para a carne e bovinos vivos do Uruguai melhoraram. Hoje, é a rastreabilidade que diferencia o país no mundo. Fonte: El País. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.