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05/Ago/2020

Boi: alta do dólar influencia preços no 1º semestre

No cenário atual, tomado pelo receio do mercado mundial quanto aos efeitos da pandemia do novo coronavirus, avaliar o comportamento dos custos de produção se faz necessário para a compreensão de como a pecuária nacional responde à atual conjuntura. Neste sentido, dados do Projeto Campo Futuro apontam que, entre janeiro e junho de 2020, o preço de insumos para a produção animal pagos pelo produtor aumentou. Destacam-se os custos com a suplementação mineral, que, no primeiro semestre subiram 9% para sistemas de cria e 10% para a recria e engorda. A elevação esteve atrelada, especialmente, à forte valorização do dólar frente ao Real (25% entre médias de janeiro e junho), que influenciou nos preços de aquisição de matéria-prima pelas empresas de suplementos. Além disso, a redução no ritmo mundial do funcionamento dos portos pode ter afetado a chegada destes insumos ao País. Por outro lado, a redução na demanda por combustíveis devido às restrições de deslocamentos e o cenário de competições comerciais do petróleo reduziram os preços do diesel e seu peso na mecanização das áreas produtivas.

O veranico que acometeu parte das regiões produtoras de sementes de pastagens reduziu a produtividade das áreas, e com isso a quantidade de sementes no mercado. O efeito de alta nos preços foi observado com mais intensidade em estados como Mato Grosso (alta de 5,5%) e Rondônia (elevação de 6,6%). O aumento destes componentes do custo de produção levou à elevação dos custos operacionais efetivos (COE). No entanto, analisando-se o desempenho dos sistemas quanto ao comportamento de sua receita, nota-se que os valores obtidos na comercialização de seus bovinos também aumentaram. Após a alta histórica no valor da arroba observado no final de 2019, os preços pagos ao produtor apresentaram uma leve queda, porém, a mesma vem sendo corrigida nos últimos meses, com o indicador do Boi Gordo CEPEA/B3 atingindo o valor de R$ 218,40 por arroba no último dia de junho. A recuperação dos preços é reflexo da baixa oferta de bovinos observada nos últimos meses, resultado da alta taxa de abate de fêmeas dos anos anteriores.

Os preços são ainda sustentados pela demanda externa, como observado em dados de exportação. No primeiro semestre de 2020, o Brasil exportou 777,3 mil toneladas de carne bovina, 13% a mais do que no ano anterior. O balanço também é favorecido pelo elevado patamar do dólar, que fortaleceu a receita em moeda nacional. Entre o primeiro semestre de 2019 e o mesmo período de 2020, o valor médio em Reais (R$) da tonelada exportada foi 51% superior. no mercado interno, a intenção de consumo das famílias (ICF), publicada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apresenta queda desde o primeiro caso de covid-19 confirmado no País, registrando, em julho, o menor nível do indicador desde junho de 2016. Diante do menor poder de compra, a população tende a buscar proteínas mais competitivas como a suína e de aves. Em resposta à baixa oferta de bovinos prontos para o abate e à alta na demanda internacional por carne bovina, os preços do boi gordo subiram com mais força que os da carcaça casada negociada no atacado de São Paulo.

No primeiro semestre de 2020, enquanto a valorização do boi godo atingiu 13,19% no valor da arroba, a da carne no atacado se limitou a 2,32%. Durante o primeiro semestre de 2020, os sistemas de produção pecuários nacionais sentiram os efeitos da pandemia mundial tanto nos custos de aquisição de seus insumos quanto em sua remuneração, com os sistemas de cria beneficiados pela alta nos preços dos bezerros. Tais sistemas fecharam a primeira metade do ano com margens operacionais 21% maiores do que em janeiro/2020. Ao mesmo tempo, apesar da elevação observada na receita obtida pela venda de bovinos para abate, os sistemas de recria e engorda nacionais tiveram suas margens limitadas pela alta no preço de reposição e de outros importantes insumos, encerrando o semestre com queda de 9% nas margens em comparação a janeiro/2020. Tais comportamentos nas margens de sistemas de cria e de recria e engorda também ocorreu nos anos anteriores. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.