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04/Ago/2020

Leite: os gargalos na produção leiteira no Brasil

A cadeia de produção leiteira passa por constantes transformações, assim como qualquer outro segmento do mercado agropecuário. Hoje, o mercado é bastante competitivo e isso implica na necessidade de criar vantagens competitivas que agregue valor em todo o processo. Isso fará com que o produtor permaneça por mais tempo no mercado conseguindo destaque e chamando a atenção do consumidor. A relação entre os diversos elos da cadeia, de forma clara, é extremamente importante para que a gestão ocorra de maneira a dar um bom andamento a toda a cadeia. Porém, são encontradas diversas restrições, principalmente voltadas à propriedade rural (formada por produtores, animais e instalações em geral) que podem interferir nas ações para melhoria do processo. O estudo a seguir aponta as principais restrições na gestão da cadeia produtiva leiteira englobando a relação entre produtor, fornecedores e laticínios em propriedades da microrregião de Tupã (SP), cujo método de pesquisa selecionado foi survey.

Este método é utilizado para obter dados em um processo de pesquisa, aplicando um questionário em determinado grupo de indivíduos. A microrregião de Tupã conta com sete municípios, responsáveis pela produção de 13,8 milhões de litros de leite por ano, distribuídos em 688 propriedades. Desta forma a microrregião de Tupã corresponde a 46,5% da produção leiteira da região de Marília, sendo 1,1% do estado de São Paulo (IBGE, 2019). Os dados foram obtidos entre os anos de 2018 e 2019, pela aplicação de um formulário com perguntas estruturadas à 68 produtores, obtendo uma amostragem de todos os municípios da região. Os produtores leiteiros foram caracterizados com idade média de 44 anos, sendo 15% dos entrevistados do sexo feminino e 85% do sexo masculino, ainda, apenas 25% dos filhos dos entrevistados atuam no campo. As propriedades da amostragem tiveram início na atividade leiteira entre os anos de 1928 e 2018 e tem uma grande variação de produção diária, oscilando com uma produção média de 10 a 2700 litros de leite, e 98,5% tem a produção de leite como atividade econômica principal.

A correta gestão do estoque impacta de modo positivo na quantidade de itens consumidos na produção leiteira. Por vezes, o produtor estoca itens em grande quantidade para “aproveitar” um preço que considera favorável do produto, entretanto gera um grande custo a ser pago. Além disso, tem de fazer a gestão das datas de validade. Uma gestão dos itens de insumo é essencial para uma correta compra, em termos de quantidade e momento, e este ser mais bem estruturado se for conduzido em parceria com os produtores. A ampla maioria dos produtores leiteiros (94%) não possuem parceria de longo prazo com fornecedores, o que resulta na compra de qualquer fornecedor a qualquer momento, em qualquer quantidade e a qualquer preço, sem nenhum vínculo formal. Sugere-se a busca por fornecedores que sejam parceiros, que estabeleçam preços justos e que permitam ao produtor planejar seus gastos, sem surpresas com oscilações inesperadas, principalmente para os componentes de maior impacto no custo da produção, como ração e medicamentos.

A ausência de controle na gestão dos insumos e de parceria com os fornecedores por vezes acarreta a compra de itens desnecessários e a um custo superior no mercado. A qualidade dos insumos influencia diretamente na quantidade e qualidade do leite obtido. Embora seja um dos itens de maior custo ao produtor, a ração é pouco analisada. O investimento na análise da qualidade e dos aspectos nutricionais deste item trará ao produtor benefícios econômicos. O processo de ordenha é onde estão inseridos os maiores custos e cabe ao produtor uma constante atenção na melhora de suas etapas, seja nos aspectos sanitários como nos de armazenamento. Embora haja diversos e distintos pontos a se melhorar na propriedade leiteira, destaca-se que atualmente o produtor rural já se vê como um empreendedor e que sua propriedade deve ser tratada como empresa. Cabe ao produtor agora receber as capacitações e treinamentos de práticas e técnicas pertinentes para que possa melhorar sua gestão, haja vista que este é o principal elo da cadeia produtiva leiteira.

A gestão de relacionamento com o cliente é um fator imprescindível para o estreitamento entre produtor e laticínios, e pode promover vantagens aos produtores. Porém, apenas 16,42% dos produtores possuem parceria de longo prazo por contrato com clientes (laticínios). Aproximar a relação entre produtor e laticínios reflete diretamente no processo de negociação do preço do produto. Para isso, o produtor precisa conhecer os seus custos de produção e, em parceria com o laticínio, estabelecer um preço justo de venda, que permita ter retorno financeiro e investimento em melhorias de sua propriedade. Esta parceria resultará na melhora contínua de desempenho do produtor rural, que dará maior valor aos feedbacks enviados pelos laticínios (atualmente na faixa dos 46,3%). Este acompanhamento e melhora contínua dos indicadores possibilita ao produtor uma melhor remuneração pela sua produção e ao laticínio receber melhor insumo para produção de seus produtos. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.