ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Jul/2020

Suíno: fortes avanços dos preços do animal vivo

Mesmo com a recente disparada nos preços da carne, o suíno vivo no valor médio de julho compra menos insumos (milho e farelo de soja) do que em julho de 2019. Considerando o suíno negociado no em São Paulo e o indicador do milho Esalq/Cepea (base Campinas - SP), com 1 Kg do suíno é possível adquirir 6,84 Kg do cereal, o que representa um poder de compra 20% inferior ao de igual mês do ano passado. Quando a comparação é feita com o farelo de soja negociado também em Campinas, o suinocultor pode comprar 3,18 Kg do insumo com 1 Kg de suíno vivo, relação de troca 27% abaixo da média de julho de 2019. Apesar de o poder de compra do suinocultor ter se elevado ante o mês anterior, em 14% no caso do milho e em 15% no do farelo, ainda não acompanha a alta no custo de produção do animal ao longo dos 12 últimos meses (com base nos dois principais insumos). No comparativo anual, a valorização desses insumos é mais intensa do que a do suíno vivo.

A recente escalada nos preços pagos pelo suíno vivo é influência direta da oferta restrita de animais com peso ideal para abate e da forte demanda externa. No Paraná, por exemplo, avançou 42,6% de 30 de junho (R$ 4,25 por Kg) a 24 de julho (R$ 6,06 por Kg) deste ano. Mas, isso não significa que toda a cadeia produtiva esteja se beneficiando deste cenário. É preciso observar o mercado por duas óticas: dos grandes players e das pequenas e médias indústrias. Os primeiros conseguem fazer boas negociações e têm um mercado externo com apetite muito grande. O segundo grupo sofre com os custos de produção na integração. Os números indicam que, no mercado interno, o avanço da cotação da carcaça do suíno no atacado está aquém da alta do preço pago ao produtor pelo suíno vivo. Em São Paulo, enquanto carcaça do suíno subiu em julho (até o dia 24) 32,14%, o suíno vivo variou 26,41%.

O atacadista que compra em bons volumes está pressionando para conter a alta, até pelo fato de que não está conseguindo repassar preço adiante. Apesar da suinocultura brasileira surfar na onda das exportações crescentes de carne, a remuneração real vem caindo. O preço médio pago pelo mercado internacional em março (US$ 2.463,00 por tonelada) caiu 15,4% considerando a média dos primeiros 13 dias úteis de julho (US$ 2.083,00 por tonelada). A China, que passou a comprar grandes volumes depois da crise da peste suína asiática (PSA), vem pressionando muito seus fornecedores a reduzir os preços. E o país asiático tem este poder comercial. A questão do preço em dólar acaba ficando à margem, camuflada pela variação cambial favorável às exportações brasileiras e pelos grandes volumes comercializados externamente. Até o dia 24 de julho, haviam sido embarcadas 76,5 mil toneladas de carne suína. Pelo ritmo, pode até superar o total de junho, que bateu em 86,9 mil toneladas. Pelo quadro internacional, e diante do fato de que o ajuste na oferta de suínos ainda deve levar alguns meses, a tendência é de que os preços pagos pelo suíno vivo continuem em alta.

A avaliação é de que este quadro deve ser mantido pelo menos até final do ano. Mas, se o clima na relação entre Estados Unidos e China continuar favorável para o suíno brasileiro, os preços podem entrar 2021 firmes e até em ascendência. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê que o volume das exportações brasileiras de carne suína cresça 33% em 2020 (1 milhão de toneladas) em relação a 2019 (700 mil toneladas). De janeiro a junho deste ano, 86% do total comercializado foi para a Ásia. No mesmo período do ano passado este percentual era de 59%. China (49% - com 231 mil toneladas) e Hong Kong (20% - com 93 mil t toneladas) foram os maiores compradores durante o primeiro semestre. Com relação à produção de suínos, o aumento projetado para 2020 é de 6,5%, pulando de 3,98 milhões de toneladas para 4,24 milhões de toneladas. O consumo per capita, por sua vez, deverá ficar estável em 15,3 Kg. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.